São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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INVESTIGAÇÃO

Objetivo é apurar informações prestadas por ex-ministro Mendonça de Barros sobre fitas

Grampo do BNDES terá novo inquérito na PF

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho, recebeu da Procuradoria da República no Rio de Janeiro determinação para abrir um segundo inquérito relacionado aos grampos telefônicos instalados no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante o processo de privatização das empresas estatais de telecomunicações, em 1998.
Signatários do ofício com a ordem à PF, os procuradores Artur Gueiros, Marcelo Freire e Raquel Branquinho querem que os policiais federais investiguem informações prestadas pelo economista Luiz Carlos Mendonça de Barros -uma das vítimas dos grampos- sobre quem teria comprado e divulgado as fitas decorrentes da escuta clandestina que foi feita no banco.

Depoimento
Ministro das Comunicações durante a privatização das teles, Mendonça de Barros, em depoimento prestado no mês passado, em São Paulo, à Justiça Federal, acusou o empresário Carlos Jereissati -irmão do governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), e sócio do consórcio Telemar, que participava do leilão das teles.
De acordo com o procurador Artur Gueiros, pela primeira vez, em um depoimento oficial, aparece uma acusação direta ao irmão do governador.
No depoimento prestado à Polícia Federal durante o inquérito concluído no final do ano passado, o ex-ministro não chegou a acusar Jereissati.
"Até então, [Mendonça de Barros" era meio genérico. Não tinha feito nenhuma acusação direta a ele [Jereissati". No depoimento do [primeiro" inquérito, ele [Mendonça de Barros" fala que suspeita [do empresário". Em São Paulo, Luiz Carlos Mendonça de Barros imputou [a Jereissati"", afirmou o procurador Gueiros.
O primeiro inquérito nada concluiu sobre quem teria adquirido e divulgado as fitas.
"Não podíamos fazer nada naquela ocasião. Tanto nós [os procuradores" como a polícia. Como agora, ele [Mendonça de Barros" foi contundente, a gente acha que dá margem a um desdobramento das investigações", disse Gueiros.

Avanço
Para os três procuradores, o segundo inquérito poderá avançar no caso dos grampos. O primeiro inquérito apontou apenas a suposta autoria.
Os acusados são Temílson Antônio Barreto de Resende, o Telmo, agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e o detetive particular Adilson Alcântara de Matos. Eles negam ter envolvimento com os grampos.
"O novo inquérito vai apurar um pedaço do caso a que não conseguimos chegar: quem, efetivamente, comprou [as fitas" depois que os arapongas grampearam", afirmou o procurador.
No ofício, os procuradores determinam à Polícia Federal que, no novo inquérito, voltem a interrogar Carlos Jereissati e Mendonça de Barros.
Eles também requisitam os interrogatórios de André Lara Resende, José Pio Borges , Pérsio Arida (ex-presidentes do BNDES), Ricardo Sérgio de Oliveira (ex-diretor do Banco Central), Jair Bilacchi (ex-presidente do fundo de prisão Previ), do banqueiro Daniel Dantas e do deputado Aloizio Mercadante (PT-SP).




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