São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Estado financiou obras em cidades que nem existem

JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As investigações que deram origem à Operação Navalha começaram no Maranhão. O governo do Estado financiou até obras fantasmas em cidades que não existem. Informado, o procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza abriu inquérito. Chamada a apurar o caso, a Polícia Federal descobriu que os desvios ocorriam em outros Estados.
O procurador-geral tomou conhecimento formal do que se passava no Maranhão por meio de uma representação protocolada no Ministério Público em 4 de agosto de 2005. É assinada pelo advogado Marcos Alessandro Coutinho Passos Lobo. Ele requereu que José Reinaldo Tavares (PSB), então governador, fosse investigado em sigilo.
A representação cita um conjunto de obras que jamais saíram do papel. Custaram R$ 5,2 milhões. Entre as empreiteiras beneficiadas está a Gautama, de Zuleido Soares Veras, preso pela PF. Os principais malfeitos relatados ao Ministério Público referiam-se à abertura ou à recuperação de estradas.
Há casos em que, além das obras, as localidades não existem. Por exemplo: o governo contratou a recuperação de duas estradas em Miranda do Norte. Uma ligaria os povoados de Boiadeiro e Rio Seco. A outra, Pedra Caída e São João. Nenhum dos locais existe. As estradas ligando o nada a lugar nenhum custaram R$ 369.238.
Em Passagem Franca, os povoados Jacaré e Saco de Boi existem, mas não há vestígio da via, que custou R$ 185.280,52.


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