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Papéis da empreiteira associam nomes de políticos a dinheiro
Documentos apreendidos na sede da Gautama em Salvador trazem listas das contabilidades legal e paralela; PF analisa
Investigado, o governador Jackson Lago foi recebido anteontem em Brasília pelo ministro Tarso Genro e por Paulo Lacerda, diretor da PF
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Entre a papelada apreendida
pela Polícia Federal na sede da
Gautama em Salvador há, segundo a Folha apurou, documentos tanto da contabilidade
legal da empresa quanto da
contabilidade paralela que
mostram nomes de políticos,
incluindo governadores, associados a valores em dinheiro
-indicando um suposto controle do pagamento de propina.
A relação estava junto com
uma espécie de detalhamento
das obras da empreiteira em
andamento pelos Estados.
Os papéis foram encaminhados para a sede da PF em Brasília, onde chegaram no fim da
tarde de ontem. Já começaram
a ser analisados pelo Departamento de Inteligência.
Os peritos e policiais envolvidos na apreensão do material
se disseram impressionados
com a riqueza de informações
do que seria o esquema de corrupção da quadrilha.
Fora da agenda
Investigado pela Operação
Navalha, o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT),
foi recebido anteontem em
Brasília pelo ministro Tarso
Genro (Justiça) e pelo diretor-geral da PF, Paulo Lacerda.
O ministro disse ontem que
Lago (que teve sua prisão pedida pelo Ministério Pública) e
políticos locais foram ao seu gabinete para "tentar compreender o que estava acontecendo
no Maranhão e no Brasil".
A reunião não estava agendada. O governador é acusado de
ter recebido R$ 240 mil de propina, por meio de dois sobrinhos, para liberar pagamentos
à construtora Gautama.
A Operação Navalha dominou a conversa -o assunto foi
puxado pelo governador.
Na presença de Lacerda, Tarso disse que a ação da PF não tinha caráter de "revide" contra
os novos governantes -o presidente Lula apoiou Roseana
Sarney (PMDB) no Estado.
"Eles tinham a convicção de
que [a operação] teria sido movimento feito pelo Estado brasileiro de revide à vitória das
forças de oposição no Estado.
Não era nada específico do Maranhão, mas aconteceu em
mais dez Estados", disse Genro.
Em Campo Grande, Lago
afirmou ontem que a acusação
é uma vingança do grupo político do senador José Sarney
(PMDB-AP), derrotado nas últimas eleições no Estado.
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