São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Papéis da empreiteira associam nomes de políticos a dinheiro

Documentos apreendidos na sede da Gautama em Salvador trazem listas das contabilidades legal e paralela; PF analisa

Investigado, o governador Jackson Lago foi recebido anteontem em Brasília pelo ministro Tarso Genro e por Paulo Lacerda, diretor da PF


FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Entre a papelada apreendida pela Polícia Federal na sede da Gautama em Salvador há, segundo a Folha apurou, documentos tanto da contabilidade legal da empresa quanto da contabilidade paralela que mostram nomes de políticos, incluindo governadores, associados a valores em dinheiro -indicando um suposto controle do pagamento de propina.
A relação estava junto com uma espécie de detalhamento das obras da empreiteira em andamento pelos Estados.
Os papéis foram encaminhados para a sede da PF em Brasília, onde chegaram no fim da tarde de ontem. Já começaram a ser analisados pelo Departamento de Inteligência.
Os peritos e policiais envolvidos na apreensão do material se disseram impressionados com a riqueza de informações do que seria o esquema de corrupção da quadrilha.

Fora da agenda
Investigado pela Operação Navalha, o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), foi recebido anteontem em Brasília pelo ministro Tarso Genro (Justiça) e pelo diretor-geral da PF, Paulo Lacerda.
O ministro disse ontem que Lago (que teve sua prisão pedida pelo Ministério Pública) e políticos locais foram ao seu gabinete para "tentar compreender o que estava acontecendo no Maranhão e no Brasil".
A reunião não estava agendada. O governador é acusado de ter recebido R$ 240 mil de propina, por meio de dois sobrinhos, para liberar pagamentos à construtora Gautama.
A Operação Navalha dominou a conversa -o assunto foi puxado pelo governador.
Na presença de Lacerda, Tarso disse que a ação da PF não tinha caráter de "revide" contra os novos governantes -o presidente Lula apoiou Roseana Sarney (PMDB) no Estado.
"Eles tinham a convicção de que [a operação] teria sido movimento feito pelo Estado brasileiro de revide à vitória das forças de oposição no Estado. Não era nada específico do Maranhão, mas aconteceu em mais dez Estados", disse Genro.
Em Campo Grande, Lago afirmou ontem que a acusação é uma vingança do grupo político do senador José Sarney (PMDB-AP), derrotado nas últimas eleições no Estado.


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