São Paulo, terça, 19 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESTRATÉGIA
Cidades do PT viram exemplo
Lula cria nova linha para sua campanha

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

Luiz Inácio Lula da Silva estreou ontem o discurso que vai adotar, na campanha presidencial, contra a imagem de que o PT não tem propostas concretas para o país: citações insistentes sobre realizações de administrações petistas em cidades e no Distrito Federal.
A alternativa para fugir ao carimbo do "não" foi aplicada ontem em palestra e debate de Lula a empresários paulistas reunidos pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil.
Lula abriu seu discurso rebatendo a afirmação de adversários sobre a falta de propostas do PT. A fala toda foi pontuada por exemplos de atuação do partido, ao mesmo tempo em que diagnosticava inapetência do governo federal para solucionar problemas.
Na luta para mostrar à platéia que o PT pode sair do discurso da negação para a prática, Lula recorreu até a pequenas cidades.
Citou Icapuí (CE), Araçuaí (MG) e Camaragibe (PE) como prova de que é possível não deixar crianças fora da escola, aplicar bem verbas federais e diminuir a taxa de mortalidade infantil.
O orçamento participativo, que é o cartão de apresentação das gestões petistas em Porto Alegre, também foi lembrado por Lula como atestado de eficiência de uma proposta da legenda.
Brasília também teve lugar na sessão de elogios protagonizada por Lula. O governo petista do Distrito Federal é exemplo, na ótica do candidato à Presidência da República por uma frente de esquerda, pela adoção de programas como o "Bolsa-Escola" e o "Saúde em Casa".
Pesquisas qualitativas encomendadas pelo PT apontaram a imagem consolidada de partido que se limita a criticar como um dos entraves nas campanhas eleitorais da legenda.
Daí, a aposta de Lula nos programas bem-sucedidos das administrações petistas para superar o obstáculo.
Em entrevistas ontem, Lula tentou minimizar as declarações de Anthony Garotinho (PDT), candidato ao governo fluminense, para quem o PT "não tem força política" e Leonel Brizola é que é o responsável pela "consistência" da chapa presidencial que será liderada por Lula.
"Garotinho já pediu desculpa e não será uma frase que vai destruir uma aliança que vem sendo construída há meses", disse.
No próximo fim-de-semana, a convenção nacional do PT vai votar recurso de Vladimir Palmeira (PT) contra a decisão do diretório do partido de vetar sua candidatura ao governo fluminense. Lula quer que o PT apóie Garotinho.
Garotinho divulgou ontem uma nota com um pedido de desculpas público ao PT para contornar o mal-estar provocado.
Na nota, Garotinho diz que suas afirmações teriam sido "retiradas de um contexto e utilizadas de forma indevida" pelos jornalistas.


Colaborou a Sucursal do Rio


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.