São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Tucano quer impedir palanque mineiro para Ciro, insiste em apoio de Quércia e Maluf e dinamita Garotinho

Para encostar em Lula, Serra prioriza Minas, Rio e SP

KENNEDY ALENCAR
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato a presidente da aliança PSDB-PMDB, José Serra, priorizará de imediato acordos e atos de campanha em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Ontem, por exemplo, o PSDB atuou para evitar que o PFL dê um palanque a Ciro Gomes (PPS) em Minas. Ciro reagiu, tentando manter a candidatura do pefelista Roberto Brant ao governo, em aliança com os partidos que o apóiam (PPS, PDT e PTB).
O objetivo de Serra é chegar em situação de empate técnico com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 6 de outubro, dia do primeiro turno das eleições. Daí priorizar os três Estados, chamados de "Triângulo das Bermudas" por concentrar 42,3% do 109,8 milhões de eleitores, segundo dados de 2000, ano das últimas eleições.
As ações no "Triângulo das Bermudas" terão prioridade porque se avalia no PSDB que a aliança com o PMDB renderá a Serra apoios expressivos no Nordeste, região onde ele tem fragilidades e para a qual também haverá estratégia especial.
No comando do PSDB, julga-se "factível" diminuir a vantagem de 19 pontos percentuais de Lula.
Segundo pesquisa Datafolha publicada no última dia 9, Lula liderou com 40%. Serra teve 21%. Anthony Garotinho (PSB) ficou com 16%. Ciro, com 11%.

Minas
No Estado de Minas, segundo maior colégio eleitoral (11,2%), Serra oferece ao deputado federal Roberto Brant (PFL) uma das duas vagas de senador, na chapa do candidato do PSDB ao governo, o presidente da Câmara, Aécio Neves.
Compromissado com Ciro, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), quer manter a candidatura Brant, mas ontem a Executiva Nacional delegou a decisão aos deputados federais e estaduais mineiros.
A resposta sai hoje. Se atrair Brant, Serra mata um forte palanque de Ciro.
Ainda em Minas, o tucano terá o apoio de dois candidatos a governador, o do tucano Aécio e o do peemedebista Newton Cardoso. Serra também articula para diminuir o empenho do governador Itamar Franco por Lula.
Como Aécio será o candidato de Itamar em Minas, a intenção é evitar que o governador faça atos de campanha com o petista, viajando pelo interior do Estado.

Quércia e Maluf
Em São Paulo, Serra insiste na aliança com o ex-governador Orestes Quércia e num acerto informal com Paulo Maluf (PPB), adversários históricos dos tucanos paulistas. O Estado é o maior colégio eleitoral do país (22,1%).
"O Quércia disse de público que lutaria contra a aliança, mas acataria o desejo da maioria, que optou pelo PSDB. Como o tenho na conta de homem de palavra, creio que apoiará Serra", disse o presidente do PMDB, Michel Temer. Quércia, vetado para uma vaga ao Senado pela família Covas, negocia aliança informal com o PT.
O PSDB deseja que Maluf poupe Serra e FHC. Em troca, Serra e o governo federal não o atacariam, diminuindo até o ritmo de investigações sobre a conta de Maluf no paraíso fiscal de Jersey.
Ou seja, Maluf ficaria com o caminho livre para atirar em Geraldo Alckmin, governador tucano candidato à reeleição. Um cacique tucano confirma o acerto, dizendo que não há ânimo beligerante em relação a Maluf. Esse acerto foi intermediado, pelo lado do PPB, pelos deputados Francisco Dornelles (RJ) e Delfim Netto (SP).

Garotinho
No Rio, o tucano terá ações para minar Anthony Garotinho (PSB) em sua principal base.
Serra já está contando com a ajuda do governo Fernando Henrique Cardoso. FHC anunciou um pacote de transportes para o Rio e discute a contratação de 6.000 policiais federais fardados.

Piauí
O PFL do Piauí vai apoiar José Serra. O anúncio foi feito à tarde, depois de reunião entre Serra, o governador Hugo Napoleão (PFL) e o prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), em Brasília.


Colaborou a Agência Folha


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