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ANÁLISE
Pragmatismo sem resultados
DA REDAÇÃO
A frustração da coligação formal do PT com o PL deixa a candidatura de Luiz Inácio Lula da
Silva com um arco de alianças
mais restrito do que o que conseguiu viabilizar nas três eleições
presidenciais anteriores, quando,
paradoxalmente, o esforço do
partido para rumar ao centro e se
mostrar confiável ao establishment era mais ambíguo e muito
menos enfático.
Em 1989, quando foi derrotado
por Fernando Collor, Lula estava
coligado no primeiro turno ao PC
do B, seu parceiro histórico, e ao
então nanico PSB. Em 1994, quando perdeu pela primeira vez para
Fernando Henrique Cardoso, Lula tinha o apoio formal do PSB e
do PPS, além de PV, PSTU e PC
do B. Na reeleição, além de PSB,
PC do B e PCB, Lula fechou acordo com o PDT de Leonel Brizola.
Agora, terá provavelmente de se
contentar com o velho PC do B e o
inexpressivo PMN. As circunstâncias de cada eleição são bem
distintas e, decerto, a camisa-de-força da verticalização foi o tiro de
misericórdia nas pretensões pragmáticas do PT e desses soi-disant
liberais agrupados no PL.
O saldo político para Lula, de
qualquer forma, é ruim. Provavelmente menos pelos dividendos
eleitorais que imaginava ter com
o dublê de empresário nacional e
senador conservador como seu
vice e muito mais pelo empenho
pessoal que dedicou à missão de
ter José Alencar a tiracolo. Agora,
além do desgaste interno, terá de
enfrentar as acusações previsíveis
de que o PT continua refratário ao
centro, apesar dos esforços.
Bem ou mal, Ciro (PPS) inventou uma frente trabalhista para se
viabilizar e Serra (PSDB) arrastou
a fórceps o PMDB para o grande
bloco do "mais do mesmo". Como outsider, Garotinho (PSB) atirou para todos os lados acreditando só em si mesmo. Menos do que
a cadeira de FHC, o que ele parece
mirar por ora é o controle do PSB.
Mais do que antes, o destino de
Lula pertence a Duda Mendonça,
o Felipão do PT na grande batalha
do candidato confiável contra a
fúria louca dos mercados. Até
aqui, jogo duro e empatado.
(FERNANDO DE BARROS E SILVA)
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