São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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ANÁLISE

Pragmatismo sem resultados

DA REDAÇÃO

A frustração da coligação formal do PT com o PL deixa a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva com um arco de alianças mais restrito do que o que conseguiu viabilizar nas três eleições presidenciais anteriores, quando, paradoxalmente, o esforço do partido para rumar ao centro e se mostrar confiável ao establishment era mais ambíguo e muito menos enfático.
Em 1989, quando foi derrotado por Fernando Collor, Lula estava coligado no primeiro turno ao PC do B, seu parceiro histórico, e ao então nanico PSB. Em 1994, quando perdeu pela primeira vez para Fernando Henrique Cardoso, Lula tinha o apoio formal do PSB e do PPS, além de PV, PSTU e PC do B. Na reeleição, além de PSB, PC do B e PCB, Lula fechou acordo com o PDT de Leonel Brizola.
Agora, terá provavelmente de se contentar com o velho PC do B e o inexpressivo PMN. As circunstâncias de cada eleição são bem distintas e, decerto, a camisa-de-força da verticalização foi o tiro de misericórdia nas pretensões pragmáticas do PT e desses soi-disant liberais agrupados no PL.
O saldo político para Lula, de qualquer forma, é ruim. Provavelmente menos pelos dividendos eleitorais que imaginava ter com o dublê de empresário nacional e senador conservador como seu vice e muito mais pelo empenho pessoal que dedicou à missão de ter José Alencar a tiracolo. Agora, além do desgaste interno, terá de enfrentar as acusações previsíveis de que o PT continua refratário ao centro, apesar dos esforços.
Bem ou mal, Ciro (PPS) inventou uma frente trabalhista para se viabilizar e Serra (PSDB) arrastou a fórceps o PMDB para o grande bloco do "mais do mesmo". Como outsider, Garotinho (PSB) atirou para todos os lados acreditando só em si mesmo. Menos do que a cadeira de FHC, o que ele parece mirar por ora é o controle do PSB.
Mais do que antes, o destino de Lula pertence a Duda Mendonça, o Felipão do PT na grande batalha do candidato confiável contra a fúria louca dos mercados. Até aqui, jogo duro e empatado.
(FERNANDO DE BARROS E SILVA)



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