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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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NO AR

Positiva, mas pequena

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Mais do que o corte de meio ponto na taxa de juros, importou à televisão a recepção ao corte.
Do Paraguai, feliz da vida, o presidente Lula saiu falando ao Jornal Nacional que "os juros começam a cair" e vem aí "investimento".
A recepção por aqui foi bem menos empolgada, para não dizer mais confusa. Era como se alguns, a começar da própria televisão, não soubessem se deviam elogiar ou criticar. Talvez aquela que resuma a opinião geral seja a da Fiesp, descrita na Globo News:
- Vai na direção correta, mas é insuficiente.
Foi também o enunciado que abriu o Jornal da Record, de Boris Casoy:
- Acham a queda positiva, mas pequena.
Curiosamente, os elogios mais consistentes foram de empresários da indústria e do comércio, que mais vinham pressionando pelo corte.
Foram os casos da federação do comércio e da Associação Comercial de São Paulo, que elogiaram com poucas restrições. A federação das indústrias do Rio nem fez restrição. A reação da federação de São Paulo, como se viu, foi mais favorável do que prometia.
Também curiosamente, as críticas mais acerbas vieram do campo governista.
Não dos demais partidos, mas do próprio PT -ainda que não de seus líderes. O peemedebista Amir Lando, por exemplo, louvou o corte.
Já o petista Paulo Paim falou em "insignificante" e fez ameaças. Heloísa Helena falou em "inconsequente".
A CUT foi mais contida e falou em "insuficiente". Para a Força Sindical, também inesperadamente contida, foi "muito pouco".
Provavelmente antevendo a frustração com meio ponto de corte, Antônio Palocci saiu distribuindo expressões como "queda consistente" -além de cobrar dos bancos, agora, um corte da parte deles.
 
Alexandre Garcia já se decidiu. Ele não gostou dos ataques de FHC:
- Fernando Henrique parece não ter suportado o sucesso de Lula, que contrariou as expectativas tucanas de caos... Pensando bem, foi até bom FHC ter provocado Lula. O presidente disse coisas que precisavam ser ouvidas.
Franklin Martins também não escondeu certa simpatia pela reação presidencial:
- Lembrou o João Ferrador dos tempos do sindicato dos metalúrgicos.
Lula ainda tem muito fascínio para queimar.


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