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NO AR
Positiva, mas pequena
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Mais do que o corte de
meio ponto na taxa de
juros, importou à televisão a recepção ao corte.
Do Paraguai, feliz da vida, o
presidente Lula saiu falando ao
Jornal Nacional que "os juros
começam a cair" e vem aí "investimento".
A recepção por aqui foi bem
menos empolgada, para não dizer mais confusa. Era como se
alguns, a começar da própria televisão, não soubessem se deviam elogiar ou criticar. Talvez
aquela que resuma a opinião
geral seja a da Fiesp, descrita na
Globo News:
- Vai na direção correta,
mas é insuficiente.
Foi também o enunciado que
abriu o Jornal da Record, de Boris Casoy:
- Acham a queda positiva,
mas pequena.
Curiosamente, os elogios mais
consistentes foram de empresários da indústria e do comércio,
que mais vinham pressionando
pelo corte.
Foram os casos da federação
do comércio e da Associação Comercial de São Paulo, que elogiaram com poucas restrições. A
federação das indústrias do Rio
nem fez restrição. A reação da
federação de São Paulo, como se
viu, foi mais favorável do que
prometia.
Também curiosamente, as críticas mais acerbas vieram do
campo governista.
Não dos demais partidos, mas
do próprio PT -ainda que não
de seus líderes. O peemedebista
Amir Lando, por exemplo, louvou o corte.
Já o petista Paulo Paim falou
em "insignificante" e fez ameaças. Heloísa Helena falou em
"inconsequente".
A CUT foi mais contida e falou em "insuficiente". Para a
Força Sindical, também inesperadamente contida, foi "muito
pouco".
Provavelmente antevendo a
frustração com meio ponto de
corte, Antônio Palocci saiu distribuindo expressões como
"queda consistente" -além de
cobrar dos bancos, agora, um
corte da parte deles.
Alexandre Garcia já se decidiu. Ele não gostou dos ataques
de FHC:
- Fernando Henrique parece
não ter suportado o sucesso de
Lula, que contrariou as expectativas tucanas de caos... Pensando bem, foi até bom FHC ter
provocado Lula. O presidente
disse coisas que precisavam ser
ouvidas.
Franklin Martins também
não escondeu certa simpatia pela reação presidencial:
- Lembrou o João Ferrador
dos tempos do sindicato dos metalúrgicos.
Lula ainda tem muito fascínio
para queimar.
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