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Lula recebe o prêmio Príncipe de
Astúrias por luta contra a pobreza
NATHALIA JABUR
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM MADRI
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ganhou ontem o Prêmio
Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional. A condecoração é uma das mais importantes da Espanha e reafirma o prestígio
do líder petista naquele país.
A entrega do prêmio será realizada em outubro, na cidade de
Oviedo. Lula receberá 50 mil euros e uma escultura de Joan Miró.
O presidente receberá o prêmio
ao lado de outras sete personalidades agraciadas com a distinção.
A lista inclui o filósofo alemão
Jürgen Habermas (um dos principais pensadores da atualidade), a
escritora norte-americana Susan
Sontag, o teólogo Gustavo Gutiérrez Merino (criador da Teologia
da Libertação) e a primatologista
britânica Jane Goodall (famosa
por sua luta pela preservação dos
chimpanzés), entre outros.
Em relação a Lula, o júri destacou sua "superação pessoal" e seu
histórico de luta contra a pobreza,
a desigualdade e a corrupção. A
Fundação Príncipe de Astúrias
justificou a escolha do petista por
"sua vontade de estabelecer pontes entre América e Europa ao sugerir um fórum internacional de luta contra a fome". Os responsáveis pela escolha afirmaram que o prêmio constitui um estímulo e
uma demonstração de confiança
em Lula, por ser um líder que "revitaliza" os fóruns internacionais.
O presidente do júri, Leopoldo
Calvo Sotelo, disse que premiar
Lula é "um risco", mas que o brasileiro "começou com boa mão e
já mereceu a confiança de forças
econômicas importantes".
A divulgação da premiação teve
grande repercussão: a notícia desbancou, nas rádios, TVs e internet, a informação mais esperada
dos últimos dias, a de que o inglês
David Beckham passará os próximos quatro anos no Real Madrid.
A candidatura de Lula foi apresentada pelo reitor da Universidade de Oviedo e apoiada por mais
de 30 universidades do mundo.
Lula receberá neste ano a mesma distinção concedida ao então
presidente Fernando Henrique
Cardoso, que recebeu o prêmio
em 27 de outubro de 2000.
Chamado de neoliberal por David Ruiz, catedrático de História
Contemporânea da Universidade
de Oviedo, FHC criticou em seu
discurso as vítimas da exclusão do
mercado e afirmou que as crises
econômicas haviam deixado "no
desalento os países onde vivem os
"deserdados da terra'" (expressão
que consta da Internacional, conhecido hino comunista).
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