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Delegado acusa "forças de AL'
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
O delegado aposentado João Batista Campelo afirmou ontem em
nota à imprensa que saiu da direção da Polícia Federal por ter sido
vítima pela segunda vez de "forças
poderosas, hoje homiziadas (escondidas) no Estado de Alagoas".
Campelo decidiu pedir exoneração no final da manhã, após receber informações de que o próprio
presidente Fernando Henrique
Cardoso teria recomendado que o
PSDB retirasse apoio à sua indicação, anteontem, em reunião da
Executiva Nacional do partido.
Amigos de Campelo afirmaram
que ele atribuiu sua demissão à
união dos principais líderes políticos de Alagoas. Entre eles, citaram
o ministro Renan Calheiros (Justiça), o presidente nacional do
PSDB, Teotônio Vilela, e políticos
do PSB ligados ao ex-padre José
Antônio Monteiro, que mora em
Maceió e acusou Campelo de tê-lo
submetido a torturas em 1970.
O ex-diretor-geral da PF está
convencido de que essa aliança política foi montada para inviabilizar
sua posse, com a rápida localização do ex-padre, um dia após seu
nome de ter sido anunciado.
Na nota, Campelo mostrou que
saiu abalado do caso. "No meu discurso de posse (no último dia 15),
afirmei que "não era um estranho
no ninho (a PF)". Hoje, descendo
desse honroso cargo, vou me esforçar para não me sentir um estranho no meu país".
"Como o apóstolo João Batista,
minha cabeça foi pedida na bandeja", escreveu Campelo. "Só que
desconheço a Salomé destes dias.
Todavia, desejo declarar que sou
um cidadão brasileiro honesto,
com 30 anos de serviços prestados
à nação."
A decisão do PSDB foi tomada
anteontem, após Campelo depor
por mais de cinco horas na Comissão de Direitos Humanos da Câmara sobre as acusações, sem contar com o apoio dos principais líderes da base governista.
Nomeado para o cargo havia
apenas três dias, Campelo disse
que "foi vítima de uma traição",
segundo relatou o secretário da Fenapf (Federação Nacional dos Policiais Federais), João Valderi de
Souza, após visitar o ex-diretor.
"Ele disse que a sua vida pública
está acabada", afirmou.
Por isso, Campelo afirmou que
está inclinado a não aceitar convite
do governador de Roraima, Neudo
Campos, para retornar ao cargo de
secretário de Segurança do Estado.
Ele era secretário havia seis dias,
quando foi convidado para a PF.
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