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ECONOMIA
Mercadante se encontra com presidente do BC e afirma que Fraga garantiu não haver negociações com o FMI
PT diz que aceita acordo de transição
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em almoço com o presidente do
Banco Central, Armínio Fraga, o
deputado federal Aloizio Mercadante, um dos principais formuladores econômicos do PT, disse
que o partido aceita um eventual
acordo de transição com o governo em face da sucessão presidencial, mas não se comprometeu a
apoiar um entendimento que envolva o FMI (Fundo Monetário
Internacional).
"É claro que o PT, se vencer, deseja coordenação com o governo
na transição. É fundamental para
o país, mas um eventual acordo
com a participação do FMI é algo
a ser analisado. O Armínio disse
que não está negociando com o
Fundo", disse. "Ficamos muito
satisfeitos com essa informação."
Segundo Mercadante, Armínio
disse "que não vê necessidade disso agora [negociação com o Fundo", mas falou que essa questão
pode vir a ser colocada", afirmou.
Fraga sondou Mercadante a respeito de um possível acordo com
o FMI. O presidente do BC fez a
mesma sondagem ontem ao presidente do PSDB, o deputado federal José Aníbal (SP).
De Aníbal, que defende o candidato do governo, José Serra, ouviu
que o partido estaria disposto a
conversar com o Fundo. Já Mercadante preferiu "aventar uma hipótese de não haver necessidade
de novo acerto com o FMI, até
porque isso não significa salvo-conduto". "É só ver o que aconteceu na Argentina, que ainda está
na crise apesar de fazer tudo o que
o Fundo pediu."
O representante do PT apresentou a Fraga "medidas que já poderiam ser tomadas", como apoio a
uma minirreforma tributária,
aprovando no Congresso projeto
que desonera as exportações. Fraga disse que levaria as propostas a
debate no governo.
O encontro durou pouco mais
de duas horas, mais que o dobro
dos 45 minutos dispensados por
Fraga a José Aníbal, que, como
Mercadante, concorre a uma vaga
no Senado por São Paulo. Ontem,
o presidenciável do PPS, Ciro Gomes, disse, em Manaus, que vai telefonar para Fraga na segunda para marcar um encontro com ele.
Após o encontro, Mercadante
também tomou emprestadas partes do discurso dos membros da
equipe econômica: defendeu o
sistema de metas de inflação, o
câmbio flutuante e a obtenção de
superávits primários (economia
do governo para pagar juros).
Chegou a fazer brincadeiras. "A
conversa começou tensa, mas terminou bem". "Começou tensa
porque a gente ainda não tinha almoçado. Depois a gente comeu e
ficou tudo bem."
Colaborou NEY HAYASHI DA CRUZ, da
Sucursal de Brasília
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