São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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ECONOMIA

Mercadante se encontra com presidente do BC e afirma que Fraga garantiu não haver negociações com o FMI

PT diz que aceita acordo de transição

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em almoço com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, o deputado federal Aloizio Mercadante, um dos principais formuladores econômicos do PT, disse que o partido aceita um eventual acordo de transição com o governo em face da sucessão presidencial, mas não se comprometeu a apoiar um entendimento que envolva o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"É claro que o PT, se vencer, deseja coordenação com o governo na transição. É fundamental para o país, mas um eventual acordo com a participação do FMI é algo a ser analisado. O Armínio disse que não está negociando com o Fundo", disse. "Ficamos muito satisfeitos com essa informação."
Segundo Mercadante, Armínio disse "que não vê necessidade disso agora [negociação com o Fundo", mas falou que essa questão pode vir a ser colocada", afirmou.
Fraga sondou Mercadante a respeito de um possível acordo com o FMI. O presidente do BC fez a mesma sondagem ontem ao presidente do PSDB, o deputado federal José Aníbal (SP).
De Aníbal, que defende o candidato do governo, José Serra, ouviu que o partido estaria disposto a conversar com o Fundo. Já Mercadante preferiu "aventar uma hipótese de não haver necessidade de novo acerto com o FMI, até porque isso não significa salvo-conduto". "É só ver o que aconteceu na Argentina, que ainda está na crise apesar de fazer tudo o que o Fundo pediu."
O representante do PT apresentou a Fraga "medidas que já poderiam ser tomadas", como apoio a uma minirreforma tributária, aprovando no Congresso projeto que desonera as exportações. Fraga disse que levaria as propostas a debate no governo.
O encontro durou pouco mais de duas horas, mais que o dobro dos 45 minutos dispensados por Fraga a José Aníbal, que, como Mercadante, concorre a uma vaga no Senado por São Paulo. Ontem, o presidenciável do PPS, Ciro Gomes, disse, em Manaus, que vai telefonar para Fraga na segunda para marcar um encontro com ele.
Após o encontro, Mercadante também tomou emprestadas partes do discurso dos membros da equipe econômica: defendeu o sistema de metas de inflação, o câmbio flutuante e a obtenção de superávits primários (economia do governo para pagar juros).
Chegou a fazer brincadeiras. "A conversa começou tensa, mas terminou bem". "Começou tensa porque a gente ainda não tinha almoçado. Depois a gente comeu e ficou tudo bem."


Colaborou NEY HAYASHI DA CRUZ, da Sucursal de Brasília



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