São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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Direção do PSDB obriga prefeita de Arapiraca a retirar apoio a Collor

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionada pelo comando nacional do PSDB, a prefeita de Arapiraca (AL), Célia Rocha (PSDB), recuou de seu apoio ao ex-presidente Fernando Collor (PRTB), candidato ao governo de Alagoas.
A pressão incluiu desde a ameaça de expulsão da prefeita até uma reunião do presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio da Alvorada com os senadores alagoanos Teotônio Filho (PSDB) e Renan Calheiros (PMDB) e o governador Ronaldo Lessa (PSB).
Para evitar maior desgaste na campanha do tucano José Serra, logo pela manhã, o presidente do partido, José Aníbal (SP), divulgou nota informando que a Executiva Nacional tomaria as medidas para a expulsão da prefeita. Aníbal considerou "inadmissível" o apoio de qualquer de seus quadros a Collor, que "personaliza o que há de mais nefasto e condenável em termos políticos".
Aliados de Serra procuraram atuar imediatamente, porque entenderam que o apoio da prefeita a Collor comprometeria a estratégia do PSDB de associar Ciro Gomes (PPS) ao ex-presidente e daria o discurso a Ciro de que "Serra é o genérico de Collor".
Antes de avisar Aníbal de que a prefeita havia recuado, Teotônio Vilela se reuniu com FHC e Renan. A prefeita é mulher do ministro da Integração Nacional, Luciano Barbosa, indicado por Renan para ocupar a pasta.
O PSDB quer utilizar o caso da prefeita de Arapiraca como um exemplo aos possíveis dissidentes: quem ameaçar a campanha de José Serra será punido, podendo ser até expulso do partido. O recado tucano tem endereço certo: Ceará e Maranhão, Estados onde o partido ensaia trocar a candidatura Serra por Ciro Gomes e Lula, respectivamente.
A notícia de que Célia decidira apoiar Fernando Collor (PRTB) ao governo de Alagoas atingiu o PSDB em um momento de crise provocada pela subida de Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas. Se o apoio fosse consolidado, acabaria com o discurso tucano de comparar Ciro ao ex-presidente e de criticar o apoio do PPS e do PTB à candidatura de Collor.
Ao mesmo tempo, o partido tenta conter a possível debandada de políticos do PFL, do PPB e do PMDB rumo à candidatura de Ciro. A missão seria dificultada se tucanos também passassem a deixar a campanha de Serra.


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