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Deputado do Rio confessa que cometeu erro
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Assembléia Legislativa do Rio de
Janeiro, Jorge Sayed Picciani
(PMDB), autuado por uso
de trabalho escravo em sua
fazenda Agrovás, em São Félix do Araguaia (MT), em junho do ano passado, reconheceu o erro em um acordo
firmado com o Ministério
Público do Trabalho, em
abril deste ano.
Ele se dispôs, no acordo, a
custear ações de esclarecimento do governo contra o
trabalho escravo, no valor de
R$ 250 mil, e publicou o
"mea-culpa" em seu site.
"Que isto sirva de exemplo
para todos os fazendeiros do
Brasil. Eu errei ao permitir
que meu administrador
contratasse gatos para arregimentar mão-de-obra temporária (...). Errei duplamente porque uma pessoa
pública na minha situação
não pode cometer erros como este", afirmou.
Trinta e nove trabalhadores foram resgatados da fazenda de Picciani e, na ocasião, ele pagou R$ 167,9 mil
em indenizações trabalhistas. O acordo extinguiu o
processo por indenização
coletiva, mas o Ministério
Público Federal propôs também ação penal contra ele,
que deveria correr na Justiça
Federal do Rio de Janeiro.
Como ela se declarou incompetente para julgar a
ação, o caso está com o Ministério Público Estadual,
que decidirá se propõe ou
não ação penal.
Em entrevista à Folha, Picciani disse que comprou três
roçadeiras mecânicas para
substituir os trabalhadores
braçais temporários, além
de ter demitido o gerente da
fazenda, que contratara os
gatos. Segundo ele, em 20
anos de vida política nada
prejudicou mais sua imagem do que a denúncia de
uso de trabalho escravo.
De março do ano passado
até agora, mais três políticos
conhecidos nacionalmente
foram denunciados pelo Ministério Público Federal por
suposto envolvimento com
trabalho escravo: o deputado federal Inocêncio Oliveira (PFL-PE), o senador João
Ribeiro (PFL-TO) e o ex-deputado federal Augusto Farias, irmão de PC Farias. Os
três contestam as acusações.
O processo administrativo
contra Oliveira no Ministério do Trabalho foi concluído no ano passado e já não é
mais possível recorrer da decisão. Ele foi incluído na lista
de 50 pessoas físicas e jurídicas, divulgada em novembro
do ano passado, que não devem receber crédito de bancos oficiais (a segunda lista,
com 49 nomes, foi divulgada
em junho).
O deputado Inocêncio Oliveira informou, por intermédio de sua assessoria, que
a fazenda Caraíbas (em
Gonçalves Dias, no Maranhão) foi vendida em julho
de 2002 e estava arrendada
para terceiros quando houve
a fiscalização, em março daquele ano. A ação penal proposta pela Procuradoria da
República contra o deputado está no STF (Supremo
Tribunal Federal), onde se
encontra também a denúncia contra o senador João Ribeiro. Augusto Farias está
sendo processado na Justiça
Federal em Marabá (PA).
O senador João Ribeiro negou que tenha feito uso de
trabalho escravo em sua fazenda Ouro Verde, no sul do
Pará. Segundo ele, o relatório da fiscalização é uma
"bravata", e os fiscais teriam
agido de "má-fé".
(ELVIRA LOBATO)
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