São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PARTIDO NO VERMELHO

Partido gastou R$ 450 mil com a renovação de sua frota de automóveis e R$ 312,9 mil com móveis para decorar novo escritório

Mesmo endividado, PT não reduziu gastos

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dos R$ 15 mil mensais para aluguel do escritório em Brasília aos mais de R$ 450 mil em renovação da frota de automóveis, o PT manteve alto padrão de consumo em 2003 e 2004. Mesmo que, de tão endividado, tenha recorrido a empréstimos - segundo versão do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e do ex-tesoureiro Delúbio Soares-, o partido gastou, no mesmo período, R$ 312,9 mil com móveis e utensílios, especialmente destinados à decoração do novo escritório.
Nos últimos dois anos, o PT comprou 10 carros novos e vendeu cinco, segundo registro no TSE. Só para "benfeitorias em propriedades de terceiros" foram destinados R$ 209.865,55 nesses dois anos. A compra de software custou de R$ 513.756 ao partido, excluído o arrendamento de equipamentos (R$ 19,3 milhões).
Apesar do aperto orçamentário descrito por Delúbio, o PT ampliou significativamente as despesas com viagens e estadias no ano eleitoral de 2004. Em 2003, os gastos somaram R$ 2,444 milhões. No ano seguinte, chegaram a R$ 3,749 milhões. Ainda em 2004, as despesas com convenções e eventos consumiram R$ 1.384.342,76.
Em 2004, o total de despesas declarada ao Tribunal Superior Eleitoral foi de R$ 68,589 milhões. O déficit foi de R$ 20.479.323,34. Em 2003, o volume de despesas foi de R$ 34,161 milhões.
O ano passado foi de disputa eleitoral, mas o comando do PT frisava que não arcaria com as contas de campanha nos municípios por serem de responsabilidade dos comitês de campanha em cada cidade. Em reuniões do Diretório e da Executiva Nacional, o PT gastou R$ 338,6 mil em 2004, pouco mais do que os R$ 324.572,96 de 2003. Mas, segundo as contas do partido, houve uma economia de mais de R$ 100 mil nos custos com reuniões de secretarias e comissões, passando de R$ 258.912,91 para R$ 154.057,73.
Para quem sofre restrições de caixa, a lista de compras do PT apresenta extravagâncias, como a aquisição de brindes numa relojoaria para a distribuição de canetas com a marca do PT, um contrato de R$ 41 mil numa confeitaria ou os R$ 11.875,67 destinados reservas na Cia. Thermas do Rio Quente, em Goiás. A viagem, de Brasília a Caldas Novas, teria ocorrido de 19 a 21 de março de 2004.
Além de floricultura e tapetes alternativos para o Natal, as despesas com cerimonial incluem ainda R$ 4.110,70 num bar de Brasília para encontro de funcionários e R$ 28 mil em hospedagens para duas outras confraternizações, em maio e junho do ano passado.
Só no ano passado, a conta do cerimonial foi de R$ 82,6 mil. Em 2004, o PT comprou dois carros (um Santana e um Saveiro Supersurf), num total de R$ 68,6 mil. No ano anterior, o primeiro do governo Lula, foram oito automóveis: quatro da marca Santana (a R$ 26 mil cada um), dois Marea (a R$ 59.280). um Saveiro (a R$ 26.061,31) e um Vectra, a R$ 43.286,67. Naquele ano, incluindo acessórios e despesas com blindagem, foram gastos R$ 389.683,98.
Em 2003, só a sala de reuniões de Brasília custou R$ 59.228 em móveis. O total de gastos com móveis e utensílios naquele ano foi de R$ 260.824,60. No ano passado, foram mais R$ 52.083,39. Em 15 de janeiro de 2004, foi comprado até um cofre -a R$ 425- para o departamento pessoal.


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