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PT anuncia que só vai assumir as dívidas oficiais
DA REPORTAGEM LOCAL
Criada para avaliar as contas
do partido, a comissão de finanças do PT decidiu assumir
apenas dívidas oficiais da legenda, que totalizam R$ 20,4
milhões (fora juros e multa).
Para saldá-las, os dirigentes
propõem corte de despesa, podendo atingir a área de pessoal.
Paralelamente, pretendem realizar uma campanha de arrecadação com os filiados.
O relatório da comissão, concluído ontem, será submetido
hoje à Executiva Nacional. Os
cortes devem atingir o escritório de Brasília, inaugurado em
2003, primeiro ano do governo
Lula. A idéia é fechá-lo ou reduzi-lo, dependendo do contrato de aluguel. Em São Paulo,
a sede deve ser enxugada.
A Executiva vai discutir o suposto esquema de caixa dois do
partido, que envolve empréstimos de R$ 39 milhões que o
publicitário Marcos Valério
Fernandes de Souza diz ter repassado a pessoas indicadas
por Delúbio Soares.
O discurso predominante é
de que Delúbio é o responsável
por débitos do suposto esquema, assumido por ele em depoimento à Procuradoria Geral
na sexta: "Acredito que grande
parte da direção anterior não
tomou conhecimento deste financiamento", disse o presidente do partido, Tarso Genro.
"Delúbio sempre agiu com
autonomia no trabalho de
montagem da estrutura financeira do partido", disse o deputado Jorge Bittar (PT-RJ). Petistas como o senador Sibá Machado (AC) chegam a defender
o imediato desligamento de
Delúbio do partido, mas tentam isentar o ex-presidente do
PT José Genoino de culpa. "O
caixa dois é tão crime quanto a
história do mensalão", disse.
O depoimento do ex-tesoureiro amanhã à CPI dos Correios será, segundo os petistas,
determinante para "esclarecer"
a questão do caixa dois. Ontem,
Delúbio esteve na sede petista
para uma reunião com a assessoria jurídica do partido. Ele
também tranqüilizou membros da Executiva sobre o teor
de seu depoimento à CPI, afirmando que assumirá responsabilidade pelos empréstimos.
Enquanto Delúbio circulava
pela sede do PT, o secretário-geral do partido, Ricardo Berzoini, discutia com parlamentares as estratégia da bancada
nos depoimentos de Delúbio e
do ex-dirigente Silvio Pereira à
CPI. Os dirigentes petistas querem dos parlamentares uma
postura mais agressiva, com
questionamentos diretos a Delúbio e Silvio, para afastar a
idéia de que estão acuados.
Também traçaram a seguinte
estratégia: já que a CPI não se
mantém restrita às investigações sobre corrupção nos Correios, será proposta a apuração
do caixa dois de todos os partidos e da gestão FHC. "O mínimo de procedimento compatível com a posição de militante
do partido no momento em
que ex-dirigentes vão depor é
saber da atual direção qual é o
fato levantado", disse Carlos
Abicalil (PT-MT).
(CONRADO CORSALETTE E CATIA SEABRA)
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