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Documento do encontro pede 'luta contra o sistema excludente'
CEBs criticam o governo FHC e
se aproximam dos evangélicos
LUIS HENRIQUE AMARAL
Enviado Especial a São Luís (MA)
A versão preliminar do documento final do 9º Encontro Intereclesial de CEBs (Comunidades
Eclesiais de Base), da Igreja Católica, critica o governo de Fernando Henrique Cardoso. "Assim é a política do governo: só vê
o Real e esquece do social", diz.
O encontro das CEBs termina
hoje em São Luís (MA). Ele reuniu cerca de 4.000 mil católicos,
entre eles 10 arcebispos e 55 bispos. O documento final, chamado "Carta de São Luís", será divulgado hoje. A versão preliminar faz um balanço de cada blocos de discussão do encontro.
As críticas ao governo se concentram no bloco "Excluídos e
Movimentos Populares", do
qual participou Diolinda Alves,
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Pelo documento, o governo
FHC é responsável pela "grande
causa" da "exclusão social" no
país: o sistema neoliberal.
"Esse sistema só vê o mercado
e quem pode competir, e vira as
costas para a maioria do povo",
diz. E afirma que a "pior exclusão" é a do trabalho: "quando se
perde a terra ou o emprego".
O grupo, com 561 delegados de
CEBs do país, conclui com um
"pedido" à hierarquia (padres e
bispos) para que assumam "um
compromisso concreto" e "um
apoio mais firme" na "luta contra o sistema excludente".
Massas
Os outros blocos de discussão
tentaram principalmente traçar
estratégias para que as comunidades saiam do isolamento e
atinjam "as massas".
O grupo que debateu o "Catolicismo Popular" concluiu que
as CEBs devem tentar manter
um contato mais próximo com
os católicos que praticam uma
religiosidade tradicional.
"O fermento que as CEBs podem levar às massas do catolicismo popular é a partilha da Bíblia em comunidade e confrontada com a vida e a reflexão sobre a realidade social", diz.
Dos grupos tradicionais, as
CEBs querem "uma fé de resistência, grande riqueza de simbolismos e de práticas religiosas,
especialmente as romarias".
O bloco que debateu "Pentecostalismo" defende uma maior
aproximação com as igreja
evangélicas de formação recente
e com os carismáticos, os pentecostais da Igreja Católica.
"É preciso vencer certos preconceitos e disputas de poder
em relação aos pentecostais e,
dentro da igreja, em relação aos
carismáticos", diz o documento.
Os carismáticos são o grupo
que mais cresce na Igreja Católica. Ao contrário das CEBs, defendem a fé afastada da política.
Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana,
cobrou ontem da Rede Vida, TV
ligada à Igreja Católica, que fizesse cobertura do evento.
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