São Paulo, domingo, 19 de julho de 1998

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PAINEL


É bom levar a sério

FHC proibiu seus aliados de falar em parlamentarismo agora. Mas, confiante de que será reeleito, articula a volta do tema em 99. ACM, Michel Temer, Serra e outros caciques têm trocado idéias sobre mudança do sistema de governo, proposta que naufragou em plebiscito de 93.


O raciocínio de quem...

Na cúpula do governo, avalia-se que o final de um 2º mandato de FHC será desgastante para um candidato do governo. O parlamentarismo, a partir de 2002, cairia como luva para evitar a vitória da oposição.


...defende a tese

"Além da inflação, FHC vai priorizar o social. Mas a resposta do governo é lenta, e a demanda, enorme. Acordará essa demanda. E, enquanto não atendê-la, se desgastará mais. O parlamentarismo pode evitar que a oposição ganhe em 2002", diz pessoa com trânsito no tucanato.


Ponto crucial

Como a reforma política é pressuposto para a implantação do parlamentarismo, FHC está disposto a tocá-la. Resta saber se mexerá na proporcionalidade das bancadas estaduais. Parlamentarismo com oito deputados pelo Acre teria cheiro de golpe com veste democrata.


Verdadeira vocação

O xadrez do plano parlamentarista é complicado. Passa por fusão de siglas grandes -PSDB e PMDB de um lado e PFL e PPB de outro. Um deputado diz que FHC sonha ser chefe de Estado.


Entrando de gaiato

Figuras do PT defendem o parlamentarismo. Não desconfiam que uma face da proposta é evitar que, numa eleição presidencialista, um partido médio ou pequeno conquiste o Planalto.


Pode esperar sentado

A pretensão do PT de contar com os dissidentes do PMDB mostra-se cada vez mais ilusória. Apesar do discurso, Ronaldo Cunha Lima (PB) e Roberto Requião (PR), por exemplo, não fazem o menor esforço por Lula.


Balaio eleitoral
Só o Ministério do Meio Ambiente já decidiu atender 150 emendas de parlamentares para obras contra a seca no Nordeste. Há verba para todo mundo. Segundo o ministério, todos os partidos serão atendidos.


Desorganização

Comandantes de campanhas do PSDB e do PT criticam, reservadamente, o que classificam de lentidão do TSE e dos TREs.

Clãs rivais

O Planalto notou e anotou: deputados federais ligados a Covas fazem campanha sem citar FHC em seu material eleitoral.


Entende do assunto

De Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares, sobre Maluf ter cometido infrações de trânsito em carreatas: "Maluf é um especialista em infrações".

Amizade disputada

De Tarso Genro (PT), sobre a reunião do presidente com Peter Mandelson, ministro de Blair e expoente do "novo trabalhismo inglês": "FHC tem dupla face. No exterior, a de Prodi (premiê italiano). No Brasil, a de ACM. É o PT que adota política similar à da esquerda européia".


Exagerou um pouco

Até no tucanato virou piada o fato de o ministro Raul Jungmann ter batizado de "Consenso de Brasília" o documento do seminário no qual se criticou o "Consenso de Washington". Brincam que é caso típico de fracasso que sobe à cabeça.


Saia justa
FHC recebe a seção feminina do PSDB na quarta, no Alvorada. Os tucanos, a exemplo dos demais partidos, também não conseguiram completar a cota de 25% de candidatas mulheres determinada pela legislação.


Pau-de-arara
Os procuradores da República e a Polícia Federal, que vivem às turras, encontraram um inimigo comum: Klinger Costa, secretário da Segurança Pública do Amazonas, que é acusado de torturar um agente da PF.

E-mail:painel@uol.com.br

TIROTEIO

Do governador Dante de Oliveira (PSDB-MT), sobre Júlio Campos (PFL), adversário na disputa estadual, e Carlos Bezerra (PMDB), aliado do pefelista:
- Os dois senadores têm tentado aliciar prefeitos prometendo liberação de verbas no Orçamento. Mesmo assim, a base do PMDB está comigo.

CONTRAPONTO

Nunca se sabe
Antes de se lançar candidato à sucessão do presidente João Baptista Figueiredo, em 1985, Tancredo Neves tratou de costurar a retaguarda mineira.
Para isso, precisava garantir o apoio de Aureliano Chaves, que era vice de Figueiredo, mas, preterido na sucessão, já se encontrava na dissidência.
Tancredo pediu para José Sarney sondar Aureliano. Sarney foi e voltou com boas notícias:
- Está tudo certo.
- O que ele quer? - perguntou Tancredo.
- Só uma carta sua dizendo dos altos propósitos da união - respondeu Sarney.
Tancredo batucou os dedos na mesa, pensou um pouco e falou:
- Só se a resposta vier antes.
Matreiro, Tancredo temia dar a Aureliano uma carta que eventualmente pudesse ser usada contra ele. Queria garantias. E explicou a um surpreso Sarney:
- Em Minas, a gente primeiro recebe a resposta e só depois manda a carta.



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