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Aliados disputam poder na campanha do PPS
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o crescimento nas pesquisas
de intenção de voto trouxe ao presidenciável do PPS, Ciro Gomes, a
possibilidade de vitória, tornou,
por outro lado, ainda mais evidente a disputa pela hegemonia
ideológica e pelo controle político
de sua campanha ao Planalto.
Centro de uma aliança com partidos tão opostos quanto o PPS e o
PFL, Ciro tem sofrido com a disputa de poder entre as duas legendas e o PTB. Embora não admita
em público, o PFL, aliado informal do candidato, espera, como
de costume, ter papel predominante em sua condução ao poder.
Maior e mais organizado que
PTB, PPS e PDT, o PFL considera
"natural" sua ascensão na campanha. "No segundo turno teremos
o apoio do PSDB em peso e, com
isso, vamos reeditar a aliança que
elegeu Fernando Henrique Cardoso, sem o PMDB. Seremos o eixo de Ciro", prevê um pefelista
que prefere não ser identificado.
Lideranças da legenda afirmam
ainda que a sigla tem contribuído,
a pedidos, com o programa de governo de Ciro, com sugestões que
estariam sendo encaminhadas ao
coordenador do projeto, o filósofo Roberto Mangabeira Unger.
Apesar de negarem qualquer
discussão envolvendo cargos, os
pefelistas esperam não só participar do governo como ocupar posições de destaque em uma eventual administração Ciro.
"É óbvio que tudo isso passa pelas lideranças do Senado e da Câmara, o que nos fez romper com
FHC. E o mais natural, por exemplo, é que o líder do governo Ciro
seja do PFL. Temos mais quadros", diz um dos pefelistas mais
influentes junto ao candidato.
Martinez e Paulinho
Aliado de primeira hora do presidenciável e detentor de recursos
financeiros, o PTB dominou a
candidatura até a saída de seu
presidente, José Carlos Martinez,
da coordenação-geral da campanha. O líder petebista foi acusado
de envolvimento com PC Farias.
O PTB identificou na saída de
seu presidente a senha para que o
PPS tentasse dominar a candidatura do ex-governador. Atribui ao
partido de Ciro ações para prejudicar Martinez, como a responsabilidade pela divulgação de novas
denúncias contra ele.
Já o PPS vinha sendo discretamente isolado na Frente Trabalhista principalmente devido às
declarações de seu presidente, senador Roberto Freire, contra os
interesses da coligação.
Além de ter se manifestado contra a aliança formal com o PFL,
Freire sustentou o lançamento da
candidatura de Antonio Britto
(PPS) ao governo gaúcho, mesmo
diante do veto de Leonel Brizola,
presidente do PDT. O episódio
chegou a ameaçar a Frente.
A proximidade de Ciro com o
PTB nunca agradou a Freire e a
seus correligionários, que viam
no gesto uma manifestação de
subserviência financeira por parte
do candidato e uma ameaça ao
caráter supostamente de centro-esquerda da campanha.
Por isso, como contrapartida,
vêem uma tentativa de golpe de
direita na recente pressão do PTB
pela substituição do vice da chapa, o sindicalista Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho (PTB).
Pepessistas sustentam que o
PTB acabaria decidindo por uma
nova indicação em sintonia com o
PFL. Avaliam que a cúpula da legenda pretendia, com o gesto,
uma aproximação com o PFL e o
consequente fortalecimento da
vertente mais à direita da aliança.
Os pefelistas confirmam articulações com esse fim e dizem que o
PTB antes mesmo disso chegaram a oferecer ao PFL a vice.
Abandonado por seu partido,
Paulinho teve sua permanência
sustentada por Ciro, após advogados garantirem não haver nada
de concreto nas acusações.
Integrantes do PPS próximos a
Ciro dizem ainda que, com a manutenção do sindicalista, o candidato pretendia enviar a seus aliados o recado de que não abandonará o caráter de centro-esquerda
que atribui à candidatura.
Derrotado em um primeiro
momento, o PTB vem de certa
forma reconquistando terreno
com a presença cada vez mais
onipresente de um de seus filiados, o deputado federal Walfrido
Mares Guia, na campanha.
Citado com um dos possíveis vices, Mares Guia faz parte do comitê financeiro de Ciro e atua como interlocutor junto ao governo.
Em harmonia com Ciro só mesmo o PDT, admitem todas as demais legendas aliadas. Em processo de fusão com o PTB e defensor
da entrada do PFL na campanha,
o partido tem sido o único a permanecer distante da disputa pela
paternidade da candidatura Ciro.
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