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Garotinho quer mudança no acordo
ALEXANDRE PECONICK
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, disse que vai ao encontro
de hoje com o presidente Fernando Henrique Cardoso, em Brasília, com a disposição de reafirmar
que não seguirá a política econômica atual, caso seja eleito.
Ele repetiu sua crítica de que o
governo favoreceu o setor financeiro -"foi um Papai Noel para
os bancos"- e defendeu mudanças no acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional).
"A minha expectativa é de que o
presidente nos ouça antes da assinatura do acordo. O Brasil já foi
muito prejudicado por essa política econômica. Espero que ele leve
em consideração as críticas construtivas que estamos fazendo.
Ninguém está fazendo crítica para
prejudicar o Brasil", disse Garotinho, em um intervalo das gravações do seu programa para o horário eleitoral.
O presidenciável afirmou que
alguns pontos do acordo com o
Fundo Monetário, que ainda será
aprovado no mês que vem pela
diretoria da instituição, têm de ser
"revistos" -entre eles o piso mínimo de US$ 5 bilhões para as reservas cambiais do país, que considera muito baixo.
"É muito delicado para governar", disse.
O outro ponto a ser revisto seria
uma mudança na contabilidade
que o Fundo faz do orçamento
brasileiro, para efeito de cálculo
do superávit, de modo que os investimentos das empresas estatais
não sejam computados como
despesas.
Segundo Garotinho, os acordos
assinados com o FMI a partir de
1998 impediram que as estatais do
setor elétrico fizessem investimentos.
"Vamos impedir que as estatais
sejam retiradas do acordo, para
que possam investir", afirmou o
presidenciável.
Garotinho, que vai ao encontro
com FHC acompanhado pelo
economista e deputado federal
Tito Ryff (PSB-RJ), disse que também vai propor reformas na área
tributária, para o "fim da cumulatividade dos impostos" e a "desoneração das exportações".
Futebol e Papai Noel
O candidato criticou as declarações feitas na semana passada pelo presidente FHC, que pediu aos
candidatos à Presidência compromisso com a estabilidade.
Comparou ainda a situação do
país a uma partida de futebol: "A
culpa da volatilidade do dólar é
dele, pois houve um pênalti que
ele bateu para fora. Nós, os candidatos, ainda estamos no banco de
reservas".
O presidenciável atacou a política econômica de FHC. "Este governo foi um Papai Noel para os
bancos. Deu tudo. Os bancos
nunca ganharam tanto dinheiro
na vida. O governo transferiu dinheiro do cidadão comum para
os bancos, sem avisar a ninguém.
Penso que os bancos devem pagar
muito mais imposto de renda e
não repassar isso aos cidadãos",
afirmou.
Apesar de se dizer favorável à
aprovação de uma "minirreforma
tributária consistente, que garanta uma transição sem atropelos
para o próximo presidente", Garotinho acusou o governo de fazer
tudo "ao apagar das luzes".
"Este governo não aprovou
uma reforma tributária porque
não quis", afirmou.
Ao comentar a última pesquisa
de intenção de voto do Datafolha,
que foi publicada ontem, na qual
ele aparece com 12% das intenções de voto - o que configura
um empate técnico com o presidenciável tucano José Serra, com
13%-, o candidato disse que ela
"revela uma tendência": "A de
que eu [Garotinho] e Lula chegaremos ao segundo turno."
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