São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 2002

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Garotinho quer mudança no acordo

ALEXANDRE PECONICK
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, disse que vai ao encontro de hoje com o presidente Fernando Henrique Cardoso, em Brasília, com a disposição de reafirmar que não seguirá a política econômica atual, caso seja eleito.
Ele repetiu sua crítica de que o governo favoreceu o setor financeiro -"foi um Papai Noel para os bancos"- e defendeu mudanças no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
"A minha expectativa é de que o presidente nos ouça antes da assinatura do acordo. O Brasil já foi muito prejudicado por essa política econômica. Espero que ele leve em consideração as críticas construtivas que estamos fazendo. Ninguém está fazendo crítica para prejudicar o Brasil", disse Garotinho, em um intervalo das gravações do seu programa para o horário eleitoral.
O presidenciável afirmou que alguns pontos do acordo com o Fundo Monetário, que ainda será aprovado no mês que vem pela diretoria da instituição, têm de ser "revistos" -entre eles o piso mínimo de US$ 5 bilhões para as reservas cambiais do país, que considera muito baixo.
"É muito delicado para governar", disse.
O outro ponto a ser revisto seria uma mudança na contabilidade que o Fundo faz do orçamento brasileiro, para efeito de cálculo do superávit, de modo que os investimentos das empresas estatais não sejam computados como despesas.
Segundo Garotinho, os acordos assinados com o FMI a partir de 1998 impediram que as estatais do setor elétrico fizessem investimentos.
"Vamos impedir que as estatais sejam retiradas do acordo, para que possam investir", afirmou o presidenciável.
Garotinho, que vai ao encontro com FHC acompanhado pelo economista e deputado federal Tito Ryff (PSB-RJ), disse que também vai propor reformas na área tributária, para o "fim da cumulatividade dos impostos" e a "desoneração das exportações".

Futebol e Papai Noel
O candidato criticou as declarações feitas na semana passada pelo presidente FHC, que pediu aos candidatos à Presidência compromisso com a estabilidade.
Comparou ainda a situação do país a uma partida de futebol: "A culpa da volatilidade do dólar é dele, pois houve um pênalti que ele bateu para fora. Nós, os candidatos, ainda estamos no banco de reservas".
O presidenciável atacou a política econômica de FHC. "Este governo foi um Papai Noel para os bancos. Deu tudo. Os bancos nunca ganharam tanto dinheiro na vida. O governo transferiu dinheiro do cidadão comum para os bancos, sem avisar a ninguém. Penso que os bancos devem pagar muito mais imposto de renda e não repassar isso aos cidadãos", afirmou.
Apesar de se dizer favorável à aprovação de uma "minirreforma tributária consistente, que garanta uma transição sem atropelos para o próximo presidente", Garotinho acusou o governo de fazer tudo "ao apagar das luzes".
"Este governo não aprovou uma reforma tributária porque não quis", afirmou.
Ao comentar a última pesquisa de intenção de voto do Datafolha, que foi publicada ontem, na qual ele aparece com 12% das intenções de voto - o que configura um empate técnico com o presidenciável tucano José Serra, com 13%-, o candidato disse que ela "revela uma tendência": "A de que eu [Garotinho] e Lula chegaremos ao segundo turno."


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