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3 ministros que eram contra agora apóiam taxação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três ministros que votaram ontem a favor da cobrança da contribuição previdenciária de servidores inativos e pensionistas foram
contra em 1999 uma lei que havia
instituído essa tributação. Naquele momento, o governo Fernando
Henrique Cardoso perdeu por decisão unânime. Ontem, o governo
Lula ganhou por 7 votos contra 4.
Os três ministros que aparentemente mudaram o voto, Carlos
Velloso, Sepúlveda Pertence e
Nelson Jobim, disseram que a situação jurídica anterior é muito
diferente da atual. Antes, era uma
lei ordinária sem amparo no texto
da Constituição. Hoje, uma
emenda constitucional.
O principal argumento contra a
tributação é o direito adquirido.
Os servidores inativos, os pensionistas e os ativos que já reuniram
as condições para se aposentar teriam direito a permanecer livres
do desconto, porque a Constituição diz que a lei não poderá prejudicar o direito adquirido.
Só acolheram esse argumento
os ministros Ellen Gracie, Carlos
Ayres Britto, Marco Aurélio de
Mello e Celso de Mello. "Somente
aos regimes autoritários causa repulsa respeitar o direito adquirido", disse o último. Os outros disseram que não há direito adquirido em relação à criação de novo
tributo. Afirmaram que o desconto da contribuição não fere o princípio constitucional da irredutibilidade dos salários.
O cenário era desfavorável ao
governo quando o julgamento começou, em 26 de maio. O procurador-geral da República, Claudio
Fonteles, havia emitido parecer
contra a cobrança, e a relatora das
ações, Ellen Gracie, não apenas
concordou com ele como sinalizou que consideraria inconstitucional até mesmo a tributação dos
futuros inativos.
A saída intermediária, aceitando a contribuição, mas reduzindo
o desconto, foi sugerida ontem
por Cezar Peluso. Antes dele, Gilmar Mendes já vinha defendendo
a isenção até o limite do teto do
regime geral da Previdência, de
R$ 2.508,72.
O governo comemorou a vitória
de ontem no STF. Para o ministro
Aldo Rebelo (Coordenação Política), a decisão foi importante para
atestar o "ambiente democrático"
do debate sobre o tema previdenciário. "É o reconhecimento do
esforço do Congresso nos últimos
anos para o equilíbrio da Previdência", disse Aldo.
(SF)
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