|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CAMINHONAÇO
FHC anuncia que vetará proposta de renegociação de dívidas
Câmara aprova urgência para projeto de ruralistas
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
A bancada ruralista deu um
passo importante para aprovação
do projeto que perdoa até 60%
dos débitos agrícolas. A Câmara
aprovou ontem o pedido de urgência para votação do projeto no
plenário. A decisão dos deputados não resolve o impasse na renegociação das dívidas.
Os ruralistas não aceitam a proposta do governo, que beneficia
apenas os agricultores que estão
com o pagamento em dia e se resume a medidas administrativas.
Segundo eles, os bancos não cumprem esse tipo de medida.
O governo anunciou que vai vetar o projeto de renegociação das
dívidas aprovado na Comissão de
Agricultura na semana passada.
Além do perdão, o projeto amplia
o prazo de pagamento para até 20
anos. Segundo governistas, esses
benefícios representam um prejuízo de R$ 18 bilhões para o Tesouro Nacional.
Depois de várias reuniões ao
longo do dia, no início da noite, os
líderes governistas pediram prazo
até terça-feira para discutir com
as bancadas as propostas do governo e dos ruralistas.
Os governistas apostam que, de
posse da proposta do governo,
vão convencer os deputados a votar contra o projeto dos ruralistas.
"Esse projeto não tem unanimidade. Nós vamos mostrar que a
proposta do governo beneficia os
pequenos", disse o líder do
PMDB na Câmara, Geddel Vieira
Lima (BA). Para o presidente da
Comissão de Agricultura, deputado Dilceu Sperafico (PPB-PR), o
adiamento da decisão para a próxima semana não vai impedir a
aprovação do projeto no plenário.
"Quem conhece o setor não vai
mudar o voto", disse.
"Vamos votar o projeto da comissão e derrubá-lo. O PSDB tem
o compromisso de votar contra,
mas a responsabilidade é de todos", afirmou o líder do PSDB na
Câmara, Aécio Neves (MG).
Com apoio dos líderes governistas, o pedido de urgência para votação do projeto foi aprovado ontem pela manhã por ampla maioria. Foram 410 votos a favor, 11
contra e 2 abstenções.
Durante a votação, os líderes
governistas manifestaram apoio
ao pedido de urgência, mas não se
comprometeram com o conteúdo
da proposta. Geddel disse que os
governistas apoiaram a urgência
"para destampar uma panela de
pressão", numa referência ao movimento de agricultores na Esplanada dos Ministérios.
"O governo tem de dar uma solução para a agricultura. Se salvou
bancos, tem de salvar a agricultura", disse o deputado João Grandão (PT-MS), integrante da Comissão de Agricultura.
O líder do governo na Câmara,
Arnaldo Madeira (PSDB-SP), foi
o único governista que se manifestou contra a urgência, causando constrangimento nos outros
líderes. Eles não esperavam que
Madeira contrariasse a orientação
dos partidos aliados.
A estratégia de atuação divide a
bancada ruralista. Uma parte
quer partir para o confronto com
o governo e colocar o projeto em
votação no plenário sem negociação. Outra prefere tentar o entendimento para evitar o veto do presidente Fernando Henrique.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Produtores ameaçam se juntar ao MST Índice
|