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REFORMA TRIBUTÁRIA
Projeto do então senador tramita no Congresso
Proposta do governo não inclui
idéia de FHC de taxar fortunas
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
A proposta de reforma tributária
entregue anteontem pelo governo
ao Congresso não contempla a
criação de um imposto sobre grandes fortunas, um projeto apresentado há oito anos pelo então senador Fernando Henrique Cardoso.
O projeto de FHC foi elaborado
com base em artigo da Constituição de 88 que permite a instituição
desse tributo "nos termos de lei
complementar". O texto prevê a
cobrança uma única vez, no momento da partilha de uma herança
que supere certo valor. Foi aprovado com emendas pelo Senado, em
89, e encaminhado à Câmara.
Há cerca de seis meses, a deputada Maria da Conceição Tavares
(PT-RJ), relatora do projeto, enviou parecer favorável à criação do
imposto à Comissão de Finanças e
Tributação -que ainda não o incluiu em sua pauta de votação.
Já no texto sobre a reforma tributária divulgado anteontem pelo
ministro interino da Fazenda, Pedro Parente, não há nenhuma proposta de alteração no sistema de
tributação do patrimônio. Esse tipo de tributação, diz o texto, "tem
expressão relativamente baixa em
países de extensão continental".
Hoje, existem três impostos sobre o patrimônio -o ITR (Imposto Territorial Rural), que é federal
e acaba de sofrer alterações; o IPVA (Imposto sobre a Propriedade
de Veículos Automotores), estadual; e o IPTU (Imposto Predial e
Territorial Urbano), municipal. O
governo não pensa em alterá-los.
A idéia do ministério é eliminar
duas distorções do atual sistema. A
primeira é a estrutura complexa de
cobrança do ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços). A outra distorção é a incidência de impostos em cascata, em incidem sobre a cadeia de produção
e limitam o aumento de eficiência.
Por isso, o ministério sugere o
fim de todos esses tributos -cobrados pela União, Estados e Municípios- e a criação de outros
três impostos, que incidiriam exclusivamente sobre o consumo.
Segundo o secretário da Receita,
Everardo Maciel, o texto apresentado por Parente é apenas "um roteiro de idéias para discussão".
Ele disse que ainda não está definido o método de apuração dos
impostos sugeridos. Mas o modelo
deve manter o volume de recursos
que o atual sistema garante para a
União, Estados e Municípios.
Para isso, a Receita deve fazer simulações sobre a forma de cobrança dos tributos e sua arrecadação estimada para fixar as alíquotas de cada novo imposto.
O texto apresentado sugere a formação de um fundo temporário
destinado a cobrir perdas em relação à atual arrecadação.
Porta-voz
FHC disse, por meio de seu porta-voz, Sergio Amaral, que gostaria que a Câmara aprovasse o projeto que sobretaxa fortunas. "O
presidente continua a apoiar a
idéia", afirmou Amaral.
Segundo ele, o governo não incluiu o imposto na proposta de reforma tributária porque "não via
sentido", uma vez que o tributo está em análise pelo Congresso há
muitos anos.
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