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ORÇAMENTO
Obras que fazem parte das 42 prioridades do governo FHC estão entre as 53 que o tribunal encontrou falhas
TCU vê irregularidade no 'Brasil em Ação'
OSWALDO BUARIM JR.
da Sucursal de Brasília
O TCU (Tribunal de Contas da
União) entregou ontem ao Congresso Nacional levantamento que
acusa a existência de 53 obras com
indícios de irregularidades entre
as despesas prioritárias do Orçamento deste ano.
Algumas obras estão paralisadas
ou não receberam nenhum dinheiro do Tesouro neste ano, mas
36 obras listadas pelo TCU já consumiram R$ 423 milhões até a
conclusão da auditoria realizada.
A Folha procurou a assessoria de
imprensa do Ministério do Planejamento, mas não obteve resposta
até o fechamento desta edição.
Entre as obras com indícios de
irregularidades, estão projetos do
programa "Brasil em Ação", que
agrega as 42 prioridades do governo Fernando Henrique Cardoso
para o biênio 1997/1998.
A auditoria do tribunal apontou,
por exemplo, a conclusão da eclusa (dique) de Jupiá como obra com
indício de irregularidade. A obra
foi retomada com o restabelecimento de contrato de 1988 sem a
assinatura de um termo aditivo
com novos critérios.
A eclusa de Jupiá, no rio Paraná,
é a principal obra para o funcionamento da hidrovia Tietê-Paraná e
já consumiu R$ 23 milhões do Orçamento federal neste ano.
BR-174
A construção e pavimentação da
BR-174, que liga Manaus (AM) à
Venezuela, é outra obra do "Brasil
em Ação" com indícios de irregularidades, segundo o TCU.
O tribunal informa, em seu relatório, que houve prorrogação ilegal de contratos e fracionamento
de despesas para enquadramento
da obra em modalidades de licitação diferentes da exigida por lei.
As obras da BR-174 já custaram
neste ano R$ 16,9 milhões. No Orçamento federal, entretanto, estão
disponíveis à obra R$ 45 milhões
até o final do ano.
O TCU analisou 96 obras, selecionadas de acordo com critérios
de regionalização e de facilidade,
para identificar as despesas no Orçamento de 97. O índice de irregularidades encontrado é de 55%.
O TCU informa que foram abertos 16 processos para investigar em
profundidade os indícios de irregularidades. Um processo que havia sido arquivado foi reaberto.
Segundo voto aprovado pelo relator da auditoria no TCU, ministro Humberto Souto, as informações são preliminares e poderão
ser modificadas após a conclusão
dos processos individualizados.
O TCU aprovou o relatório de
Souto em reunião sigilosa na quarta-feira. Ontem, a entrega do documento foi feita à Comissão de
Orçamento do Congresso pelo
presidente do tribunal, Homero
Santos. Foi a primeira vez que a
auditoria desse tipo foi feita "in
loco", com fotografias e levantamentos nos canteiros de obras.
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