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ELEIÇÕES NA INTERNET
Candidatos quase desprezam 8 milhões de internautas
VAGUINALDO MARINHEIRO
EDITOR-EXECUTIVO DA FOLHA ONLINE
Uma estimativa modesta
aponta que existem 8 milhões de internautas no Brasil.
Uma grande parte em São Paulo.
É um público qualificado, com escolaridade e poder aquisitivo altos, mas que é quase desprezado
pelos candidatos, principalmente
por aqueles que não conseguem
tempo na TV para expor suas
idéias -os "nanicos" e os que buscam uma vaga na Câmara Municipal.
Daí o erro, porque mesmo o
candidato de um partido sem nenhuma representação parlamentar poderia ter um website igual
ao do representante do maior
partido do país. E o custo não seria alto.
O TRE até permitiu que o registro do domínio (o endereço do site) fosse feito gratuitamente. Bastava que o candidato usasse seu
nome, número e o final ".can" (de
candidato) no lugar de ".com"
(de comercial).
Mas nem o baixo custo e o espaço ilimitado atraíram muitos. Entre os vereadores, que conseguem
pouco mais que dizer o nome e o
número no horário eleitoral gratuito na TV, são raros os que têm
páginas na Internet. E quem tem
esconde.
É praticamente impossível encontrar o endereço eletrônico (o
www.alguma-coisa) em outdoors,
faixas ou santinhos espalhados
pelas ruas.
Com os candidatos nanicos à
prefeitura é a mesma coisa. A exceção é Marcos Cintra, que a todo
instante faz publicidade para seu
site.
Pegue o exemplo de Enéas. Ele
vive reclamando que não tem
tempo na TV e até criou aquele
estilo gritado e de metralhadora
para melhor usar seus escassos
minutos diante das câmeras.
Era de supor que usasse bem a
Internet, certo? Errado. Seu site
está totalmente desatualizado.
Quem for acessar a página
www.eneas.com.br verá as propostas de Enéas para a campanha
presidencial de 1998.
Como o candidato barbudo disputa qualquer coisa, pode ser que
ele já esteja deixando o site semipronto para a eleição presidencial
de 2002.
Outros candidatos não possuem
nem sequer o domínio para a Internet de seus nomes. Quem digitar www.collor.com.br, por exemplo, vai encontrar não o site do
candidato, mas o de uma empresa de assessoria.
Geraldo Alckmin também tem
problemas com domínio. Quem
digitar www.alckmin.com.br encontrará um aviso de site em
construção. Outros esqueceram
de acertar velhos sites. Quem digita www.erundina.com.br vai encontrar informações sobre a candidatura de Luiza Erundina para
deputada federal, não para a prefeitura.
"Invasões"
Mas há alguns candidatos que
estão fazendo "invasões" para conseguir atrair o público da Internet.
Há, por exemplo, candidato a
vereador que entra em salas de
bate-papo de qualquer assunto
(até sexo), se apresenta, digita algumas propostas e deixa o endereço do próprio site para possíveis
visitas.
É uma atitude arriscada. Por
um lado, o candidato pode se fazer conhecido. Por outro, pode
atrair a ira de quem estiver na sala a fim de conversar, não de receber propaganda política.
Por fim, há uma vantagem no
quase desprezo à Internet. Os
candidatos não estão usando
muito o e-mail para enviar seus
santinhos virtuais.
Ainda bem; qualquer um que
tem e-mail sabe a quantidade de
lixo que somos obrigados a apagar todos os dias.
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