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ESTRATÉGIA
Em reunião da cúpula da campanha de Serra, marqueteiros pedem mobilização de aliados para barrar "onda Lula"
Guerra na TV não assegura 2º turno, avalia PSDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O comando político da campanha presidencial de José Serra decidiu ontem manter os ataques a
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no
horário eleitoral, mas foi advertido pela equipe de marketing do
tucano de que o programa de TV
não basta para levar o candidato
ao segundo turno da eleição.
O alerta foi dado pelo publicitário Nizan Guanaes em reunião
ampliada do comando político
realizada em Brasília. Numa intervenção gravada em vídeo, Nizan disse que só com o programa
de TV isso não é possível. Seria
necessária a mobilização de todos
os políticos para Serra ir ao segundo turno e "ganhar a eleição".
Em síntese: a campanha tucana
precisou levar ao limite o programa de rádio e TV no horário eleitoral gratuito porque é preciso
evitar uma vitória de Lula no primeiro turno e desde já antecipar o
debate do segundo.
Há uma preocupação em não
tornar Lula vítima. Por isso, Serra
deve centrar fogo no entorno do
petista. Leia-se, bancadas, administrações e equipe de governo.
Os programas devem lembrar
que o PT votou contra a Lei de
Responsabilidade Fiscal, o Plano
Real, o Banco da Terra, o fundo de
valorização do magistério, entre
outros. Imagens associando o PT
ao MST também serão reprisadas.
Na essência, Serra quer mostrar
que Lula seria um lobo em pele de
cordeiro e que o adversário e seu
partido não teriam competência
para exercer a Presidência.
"Existe o PT real e o PT da TV",
disse ontem Serra, ao negar que
seu programa esteja atacando os
adversários. Ele disse que não se
importaria que sua imagem e discursos fossem utilizados pelos adversários no horário eleitoral.
"Cada um é responsável pelas coisas que diz ou faz", disse.
O candidato foi duro em relação
ao MST: "É muito importante debater as invasões ilegais e as ligações com as FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia". Isso não aparece na TV, mas
é um lado do PT".
Cerca de 60 pessoas participaram da reunião. Entre outros estiveram o vice-presidente Marco
Maciel, os governadores Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE), Esperidião Amin (PPB-SC) e Amazonino Mendes (PFL-AM), o prefeito
do Rio, César Maia (PFL), e os
presidentes do PMDB, Michel Temer, e do PSDB, José Aníbal.
O cientista político Antônio Lavareda abriu a reunião mostrando uma série de pesquisas referentes ao desempenho do candidato tucano. Serra vai bem no Sul,
mas tem problemas no Norte. É
grande ainda a distância que o separa de Lula em Minas.
Segundo Lavareda, há um percentual de eleitores de Lula, estimado entre 6% e 10%, passível de
mudar de candidato. É esse o nicho que se dirige os programas
com ataques a Lula e ao PT.
Além disso, nas cidades com
menos de 50 mil eleitores há um
contingente de indecisos, estimado entre 24% e 27%, dependendo
a região do país, que vota de acordo com a indicação do governador, prefeito ou deputado.
A reunião de ontem serviu para
Serra pedir para seus aliados no
Estado um esforço concentrado
na reta final da campanha em favor do candidatura presidencial.
O programa de TV de Serra
com ataques a Lula, exibido anteontem no horário eleitoral gratuito, foi reprisado na reunião.
Ao final da exibição, todos
aplaudiram. Alguns, como o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM), mudaram de opinião entre
a chegada e a saída. "É, eu não tinha visto o programa, gostei."
Outro item aprovado na reunião foi a realização de "supersábados" até o final da campanha. O
primeiro "supersábado" será realizado já neste final de semana,
quando o candidato tucano visitará 11 municípios. A possibilidade de Lula vencer no primeiro
turno foi descartada por todos.
Ao menos publicamente.
O candidato ao governo de Minas, Aécio Neves, considerou de
"extremo risco" a tática do PT de
tentar liquidar a eleição no primeiro turno. "Se eles não conseguirem vencer, entram no segundo turno em desvantagem", disse.
(RAYMUNDO COSTA, RAQUEL ULHÔA e KENNEDY ALENCAR)
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