São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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ESTRATÉGIA

Em reunião da cúpula da campanha de Serra, marqueteiros pedem mobilização de aliados para barrar "onda Lula"

Guerra na TV não assegura 2º turno, avalia PSDB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comando político da campanha presidencial de José Serra decidiu ontem manter os ataques a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no horário eleitoral, mas foi advertido pela equipe de marketing do tucano de que o programa de TV não basta para levar o candidato ao segundo turno da eleição.
O alerta foi dado pelo publicitário Nizan Guanaes em reunião ampliada do comando político realizada em Brasília. Numa intervenção gravada em vídeo, Nizan disse que só com o programa de TV isso não é possível. Seria necessária a mobilização de todos os políticos para Serra ir ao segundo turno e "ganhar a eleição".
Em síntese: a campanha tucana precisou levar ao limite o programa de rádio e TV no horário eleitoral gratuito porque é preciso evitar uma vitória de Lula no primeiro turno e desde já antecipar o debate do segundo.
Há uma preocupação em não tornar Lula vítima. Por isso, Serra deve centrar fogo no entorno do petista. Leia-se, bancadas, administrações e equipe de governo.
Os programas devem lembrar que o PT votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Plano Real, o Banco da Terra, o fundo de valorização do magistério, entre outros. Imagens associando o PT ao MST também serão reprisadas. Na essência, Serra quer mostrar que Lula seria um lobo em pele de cordeiro e que o adversário e seu partido não teriam competência para exercer a Presidência.
"Existe o PT real e o PT da TV", disse ontem Serra, ao negar que seu programa esteja atacando os adversários. Ele disse que não se importaria que sua imagem e discursos fossem utilizados pelos adversários no horário eleitoral. "Cada um é responsável pelas coisas que diz ou faz", disse.
O candidato foi duro em relação ao MST: "É muito importante debater as invasões ilegais e as ligações com as FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia". Isso não aparece na TV, mas é um lado do PT".
Cerca de 60 pessoas participaram da reunião. Entre outros estiveram o vice-presidente Marco Maciel, os governadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Esperidião Amin (PPB-SC) e Amazonino Mendes (PFL-AM), o prefeito do Rio, César Maia (PFL), e os presidentes do PMDB, Michel Temer, e do PSDB, José Aníbal.
O cientista político Antônio Lavareda abriu a reunião mostrando uma série de pesquisas referentes ao desempenho do candidato tucano. Serra vai bem no Sul, mas tem problemas no Norte. É grande ainda a distância que o separa de Lula em Minas.
Segundo Lavareda, há um percentual de eleitores de Lula, estimado entre 6% e 10%, passível de mudar de candidato. É esse o nicho que se dirige os programas com ataques a Lula e ao PT.
Além disso, nas cidades com menos de 50 mil eleitores há um contingente de indecisos, estimado entre 24% e 27%, dependendo a região do país, que vota de acordo com a indicação do governador, prefeito ou deputado.
A reunião de ontem serviu para Serra pedir para seus aliados no Estado um esforço concentrado na reta final da campanha em favor do candidatura presidencial.
O programa de TV de Serra com ataques a Lula, exibido anteontem no horário eleitoral gratuito, foi reprisado na reunião.
Ao final da exibição, todos aplaudiram. Alguns, como o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM), mudaram de opinião entre a chegada e a saída. "É, eu não tinha visto o programa, gostei."
Outro item aprovado na reunião foi a realização de "supersábados" até o final da campanha. O primeiro "supersábado" será realizado já neste final de semana, quando o candidato tucano visitará 11 municípios. A possibilidade de Lula vencer no primeiro turno foi descartada por todos. Ao menos publicamente.
O candidato ao governo de Minas, Aécio Neves, considerou de "extremo risco" a tática do PT de tentar liquidar a eleição no primeiro turno. "Se eles não conseguirem vencer, entram no segundo turno em desvantagem", disse.
(RAYMUNDO COSTA, RAQUEL ULHÔA e KENNEDY ALENCAR)



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