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CONTAS PÚBLICAS
Arrecadação subiria para compensar Estados sem afetar Orçamento
Cide deve aumentar, diz Mantega
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Do "rombo" de R$ 15,27 bilhões
encontrado pela Comissão Mista
de Orçamento do Congresso na
programação para 2004, o ministro Guido Mantega (Planejamento) reconhece só R$ 6 bilhões.
Ele disse que o R$ 1,66 bilhão da
parcela da Cide (contribuição sobre o consumo de combustíveis)
que vai para os Estados deverá ser
coberto pelo aumento da arrecadação do tributo.
Com o aumento da receita da
Cide, pago pelos consumidores
de combustíveis, a esperada redução dos preços da gasolina em
2004 não será totalmente repassada para o consumidor. As empresas terão um custo menor, mas
pagarão mais ao governo.
Guido Mantega esteve ontem
no Congresso -por seis horas-
para falar sobre o Orçamento.
Os deputados da oposição disseram que a destinação de R$ 3,5
bilhões do Fundo de Combate à
Pobreza para o Ministério da Saúde é inconstitucional porque o governo estaria tentando cumprir
duas emendas constitucionais
com o mesmo dinheiro.
"O Fundo de Combate à Pobreza é apenas uma fonte de recursos. O dinheiro pode ser colocado
em qualquer lugar", disse.
Segundo o ministro, o governo
tem pareceres jurídicos que sustentam a transferência.
"A destinação é polêmica", admitiu, porém, o relator do Orçamento de 2004, deputado federal
Jorge Bittar (PT-RJ).
"A vida é dura e a realidade orçamentária é mais dura ainda. A
única questão é que as contas têm
de fechar", comentou o ministro.
Salário mínimo
Pressionado pelo deputado
Pauderney Avelino (AM), vice-líder do PFL, Mantega disse que o
projeto prevê um reajuste de apenas 7,92% para o salário mínimo
no ano que vem. Passaria de R$
240 para R$ 259 em maio. Mas o
ministro voltou a explicar que o
reajuste ainda não está decidido.
Apesar disso, reafirmou que o
governo pretende dobrar esse salário em termos reais (acima da
inflação) até 2006. "Nós temos
quatro anos para cumprir."
Ao dizer isso, acabou gerando o
momento de maior tensão da audiência. "O senhor só pode ser
Pollyanna", disse o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP),
em referência ao livro homônimo de Eleanor Hodgman Porter
em que a protagonista só enxerga
o lado positivo das coisas.
Mantega ficou irritado e retrucou: "O Avança Brasil [plano de
obras elaborado por FHC] é que
era um conto de Pollyanna".
Goldman também provocou
Mantega dizendo que os ex-ministros Pedro Malan (Fazenda) e
Martus Tavares (Planejamento)
eram mais ousados. Mantega rebateu dizendo que é preciso muita ousadia para manter o câmbio
congelado por quatro anos e para
elevar as taxas de juros.
Guido Mantega disse que o governo vai negociar com o Congresso como serão compensados
os R$ 6 bilhões do Fundo de Compensação das Exportações que
não foram incluídos no projeto
do Orçamento.
Segundo o ministro do Planejamento, o Fundo de Desenvolvimento Regional não terá recursos
de R$ 2 bilhões, mas de R$ 350 milhões, porque o dinheiro não será
dado "a fundo perdido". Ou seja,
o dinheiro será emprestado e voltará para o caixa, gerando novos
empréstimos.
Segundo Mantega, o governo
não incluiu no projeto cerca de R$
1,85 bilhão para pagar sentenças
judiciais porque espera contestar
os valores na Justiça.
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