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Fome Zero para índios está atrasado
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Lançado pelo ministro José Graziano (Segurança Alimentar) no
dia 14 de abril, em Dourados (219
km de Campo Grande), o programa Fome Zero para índios ainda
não saiu do papel. O projeto prevê
a aplicação de R$ 5,5 milhões na
compra de sementes, de óleo diesel e de máquinas para elevar a
produção agrícola das aldeias.
O administrador regional da
Funai (Fundação Nacional do Índio), Jonas Rosa, 50, disse que os
índios estão perdendo o período
de plantio (arroz, feijão e milho)
por causa do atraso. O programa
deveria beneficiar 11.330 guaranis, caiuás e terenas da região de
Dourados. Em protesto contra o
atraso, os índios bloquearam anteontem uma rodovia estadual.
Pelo convênio assinado por
Graziano em abril, o governo do
Estado ficou responsável por executar o programa. A secretária estadual da Assistência Social, Trabalho e Economia Solidária, Eloísa Castro Berro, disse ontem que
R$ 3 milhões dos R$ 5,5 milhões
foram liberados "há poucos dias".
Segundo ela, o Estado prepara
agora as licitações para compra de
sementes e insumos agrícolas.
"A preocupação dos índios não
é com o dinheiro, mas com o tempo que está se perdendo. A licitação vai terminar em outubro ou
novembro. Até a fábrica entregar
os produtos, colocar nos caminhões e chegar às aldeias, já vai ser
dezembro", afirmou Rosa.
Os índios guaranis e caiuás enfrentam, segundo a Funasa (Fundação Nacional de Saúde), grave
problema de desnutrição. Em aldeias do extremo sul do Estado, a
taxa de mortalidade infantil superava no ano passado a marca de
70 por mil nascidos vivos. A média nacional é de 29,6 por mil.
No lançamento do Fome Zero
para índios, um grupo de guaranis fez uma apresentação de dança para o ministro Graziano. Na
ocasião, o projeto foi apresentado
a uma platéia lotada de guaranis e
caiuás no ginásio da cidade.
O administrador da Funai disse
que já não consegue falar com os
responsáveis pelo Fome Zero em
Dourados para cobrar a execução
do projeto: "Os índios ficam esperando e a pressão é grande".
Outro lado
A Agência Folha procurou a assessoria do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e
Combate à Fome, mas foi informada de que seria difícil ter ontem informações sobre o atraso
no Fome Zero para os índios.
O ministério, segundo a assessoria, estava envolvido ontem nos
preparativos para a cerimônia de
unificação dos programas sociais,
que ocorreria hoje, mas foi cancelada. A reportagem ligou no início
e no final da tarde para a assessoria. Nas duas ocasiões, deixou telefones para contato.
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