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DIPLOMACIA
Presidente fala em Nova York sobre a taxação de operações financeiras e venda de armas para combater a pobreza
Lula expõe proposta "pragmática" na ONU
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vai apresentar proposta que
considera mais "pragmática" para combater a pobreza em reunião com 56 líderes mundiais
amanhã, na sede das Nações Unidas, em Nova York.
A ambição do governo brasileiro é liderar a pressão para que os
países mais ricos aceitem a taxação sobre a venda de armas pesadas e sobre movimentações financeiras em paraísos fiscais.
O objetivo é financiar um déficit
de US$ 50 bilhões necessários para que o mundo possa atingir as
chamadas Metas do Milênio para
redução da pobreza até 2015.
As duas principais propostas
brasileiras são vistas com ressalvas, principalmente pelos EUA e
França, ambos produtores de armamentos. Uma série de outros
países também considera irrealista a taxação de capitais.
Na reunião, que deve durar três
horas na tarde de amanhã, o Reino Unido deverá apresentar uma
proposta alternativa, de antecipação dos desembolsos previstos
pelos países ricos e programados
para acontecer até 2015.
Apesar da resistência dos países
mais ricos, Lula pretende se alinhar a outras grandes nações em
desenvolvimento como o Brasil
para pressionar politicamente os
mais desenvolvidos.
A avaliação do governo brasileiro é a de que os recursos para atingir as Metas do Milênio não podem depender exclusivamente
dos orçamentos dos países, sujeitos a contrações em momentos de
crise. Daí a necessidade de se buscar fontes permanentes.
Lula também tem a ambição
política de recolocar a questão da
pobreza de volta ao centro das
discussões internacionais, hoje
voltadas quase que exclusivamente à segurança e ao combate ao
terrorismo.
A taxação do comércio internacional de armas envolveria apenas armamentos pesados, cujo
comércio é registrado pela ONU e
movimenta a cifra de cerca de
US$ 900 bilhões por ano.
No caso da taxação financeira, a
proposta seria criar um imposto,
semelhante à CPMF brasileira, de
0,01% sobre transações cambiais.
Além de participar da reunião,
Lula fará na terça-feira o discurso
de abertura da 59º Assembléia
Geral das Nações Unidas. No
mesmo dia, terá um encontro fechado com os líderes de Japão, Índia e Alemanha. Assim como o
Brasil, os três países almejam obter um assento permanente no
Conselho de Segurança da ONU.
A diplomacia brasileira também está tentando encaixar uma
série de pedidos de reunião de líderes africanos, asiáticos e latino-americanos nos dois dias em que
Lula vai estar em Nova York.
O presidente volta ao Brasil na
terça à noite, mas seu chanceler,
Celso Amorim, permanece na cidade até sexta. Durante três dias,
participará de reuniões com representantes de países do Grupo
do Rio, da União Européia, de nações árabes e da China.
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