São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2005

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OUTRO LADO

Ministro e parlamentar atribuem telefonemas à amizade entre eles

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado José Dirceu (PT-SP) e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, por meio de suas assessorias, atribuíram "à amizade" os telefonemas que trocaram em julho último, na semana do depoimento do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares à Procuradoria Geral da República. Bastou negou, no entanto, que tenha orientado a defesa de Dirceu.
As assessorias de Dirceu e de Bastos informaram que as famílias de ambos são amigas há "40 anos", os pais do ministro são padrinhos de casamento dos pais do deputado. Segundo o ministro, as conversas teriam sido ainda mais numerosas do que as detectadas até agora pela CPI dos Correios. A crise política pode ter sido objeto de parte dos telefonemas.
Localizado pela Folha na última quinta, por telefone, Delúbio Soares disse que não daria entrevista sobre seus telefonemas ou qualquer outro assunto relacionado ao suposto esquema de caixa dois.
O ex-presidente nacional do PT José Genoino disse que todas as suas ligações "são perfeitamente normais", incluindo as chamadas que fez a Delúbio Soares depois de terem deixado seus cargos no PT (embora essas ligações não apareçam nos registros da CPI).
"Eu não estou na clandestinidade, o Delúbio não está na clandestinidade", disse Genoino. O deputado José Dirceu formalizou, na sexta, pedido de punição (até com perda de mandato) dos responsáveis pelo vazamento de informações de seus contatos telefônicos.
"Querem violentar os direitos constitucionais dos cidadãos brasileiros para fazer uma vendeta política. Esse é um caminho perigoso no sentido de um regime de exceção", afirmou o deputado.
Por meio de sua assessoria, Dirceu atribuiu a uma troca de informações com a Casa Civil a maior parte dos contatos registrados com a Presidência após deixar o cargo de ministro. Dirceu teria recorrido a antigos assessores e vice-versa, num relacionamento típico de transição, "que demandava troca de informações".
Na sexta-feira, a Folha tentou, sem sucesso, ouvir o publicitário Marcos Valério de Souza e a assessoria da empresa SMPB. Também não foi localizado o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. (MS e RV)


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