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ELEIÇÕES 2006 / JUSTIÇA ELEITORAL
PF vai abrir inquérito para investigar grampos no TSE
Thomaz Bastos diz que um procurador deve acompanhar apuração, solicitada pelo STF
Marco Aurélio acha difícil que responsáveis sejam descobertos; varreduras em linhas do TSE serão feitas semanalmente até 2º turno
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, informou
ontem ao presidente do TSE,
Marco Aurélio de Mello, que a
Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar a origem
dos grampos nas linhas telefônicas de três ministros do Tribunal Superior Eleitoral.
" Esperamos que esse crime
seja desvendado rapidamente",
disse Bastos, ao participar de
sessão solene do STF (Supremo
Tribunal Federal), no Rio.
A apuração foi formalmente
solicitada pela presidente do
STF, ministra Ellen Gracie
Northfleet, a Bastos. Dos três
ministros grampeados, dois são
do STF: Marco Aurélio e Cezar
Peluso, que é vice-presidente
do TSE. O outro ministro
grampeado foi Marcelo Ribeiro, um dos três responsáveis,
no TSE, pela análise de ações
contra a propaganda eleitoral.
Bastos informou ainda que já
pediu ao procurador-geral da
República, Antonio Fernando
Souza, a indicação de procuradores para acompanhar a investigação da PF.
O diretor-geral do TSE,
Athayde Fontoura, disse acreditar que os responsáveis pela
escuta ilegal já teriam retirado
ontem os aparelhos de interceptação, detectados em varredura realizada na quarta-feira.
Afirmou que os indícios são de
instalação de aparelhos sofisticados de escuta, mas disse não
ter sido possível localizá-los.
Segundo Fontoura, as varreduras nos telefones dos ministros do TSE, antes feitas uma
vez por mês, passarão a ser feitas semanalmente.
A empresa Fence, que detém
o contrato com o TSE, identificou grampo em linhas diretas
que os ministros utilizam no
gabinete do STF. A varredura
foi feita porque Peluso suspeitou do problema e pediu providências ao STF, que transferiu
a tarefa para o TSE. A empresa
fez a varredura nos gabinetes
dele, de Marco Aurélio e de
Carlos Ayres Britto no STF e
em várias linhas do TSE. A empresa ganha R$ 250 por linha
inspecionada e faz varredura
em cerca de 60 linhas por mês.
Marco Aurélio acha que dificilmente serão descobertos os
responsáveis pelos grampos.
Disse não temer que o grampo
tenha captado inconfidência ou
alguma conversa importante.
Para ele, se houver envolvimento de partido, será a "excepcionalidade, a extravagância, a teratologia, o absurdo".
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