São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / JUSTIÇA ELEITORAL

PF vai abrir inquérito para investigar grampos no TSE

Thomaz Bastos diz que um procurador deve acompanhar apuração, solicitada pelo STF

Marco Aurélio acha difícil que responsáveis sejam descobertos; varreduras em linhas do TSE serão feitas semanalmente até 2º turno


SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, informou ontem ao presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, que a Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar a origem dos grampos nas linhas telefônicas de três ministros do Tribunal Superior Eleitoral.
" Esperamos que esse crime seja desvendado rapidamente", disse Bastos, ao participar de sessão solene do STF (Supremo Tribunal Federal), no Rio.
A apuração foi formalmente solicitada pela presidente do STF, ministra Ellen Gracie Northfleet, a Bastos. Dos três ministros grampeados, dois são do STF: Marco Aurélio e Cezar Peluso, que é vice-presidente do TSE. O outro ministro grampeado foi Marcelo Ribeiro, um dos três responsáveis, no TSE, pela análise de ações contra a propaganda eleitoral.
Bastos informou ainda que já pediu ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, a indicação de procuradores para acompanhar a investigação da PF.
O diretor-geral do TSE, Athayde Fontoura, disse acreditar que os responsáveis pela escuta ilegal já teriam retirado ontem os aparelhos de interceptação, detectados em varredura realizada na quarta-feira. Afirmou que os indícios são de instalação de aparelhos sofisticados de escuta, mas disse não ter sido possível localizá-los.
Segundo Fontoura, as varreduras nos telefones dos ministros do TSE, antes feitas uma vez por mês, passarão a ser feitas semanalmente.
A empresa Fence, que detém o contrato com o TSE, identificou grampo em linhas diretas que os ministros utilizam no gabinete do STF. A varredura foi feita porque Peluso suspeitou do problema e pediu providências ao STF, que transferiu a tarefa para o TSE. A empresa fez a varredura nos gabinetes dele, de Marco Aurélio e de Carlos Ayres Britto no STF e em várias linhas do TSE. A empresa ganha R$ 250 por linha inspecionada e faz varredura em cerca de 60 linhas por mês.
Marco Aurélio acha que dificilmente serão descobertos os responsáveis pelos grampos. Disse não temer que o grampo tenha captado inconfidência ou alguma conversa importante. Para ele, se houver envolvimento de partido, será a "excepcionalidade, a extravagância, a teratologia, o absurdo".


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