São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2005

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IMAGEM EXTERNA

País é 62º em ranking

Pesquisa indica percepção de alta corrupção no país

MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO

O Brasil mantém em 2005 sua imagem internacional de país com alto grau de corrupção, segundo o Índice de Percepções de Corrupção da Transparência Internacional, divulgado ontem.
Pelo oitavo ano consecutivo, a baixa nota do país estimada pela ONG manteve-se estável dentro da margem de erro, caindo de 3,9 em 2004 para 3,7 neste ano. Na escala de zero a dez, uma nota menor que cinco indica "níveis graves de corrupção". O índice médio em 2005 foi de 4,1 e, segundo o relatório, a nota do Brasil poderia variar entre 3,5 e 3,9.
De acordo com Claudio Weber Abramo, secretário-geral da ONG Transparência Brasil, essa estagnação reflete a "ausência de medidas eficazes de combate à corrupção. Significa que a integridade do país não melhorou".
O país ocupa a 62ª posição de um total de 158 países. No ano passado, estava em 59º -mas em um universo de 146. Entre os países da América do Sul e Central pesquisados, o Brasil está em nono lugar num total de 26, atrás de Chile (7,3, o mais bem posicionado), Uruguai (5,9), Colômbia (4,0) e Cuba (3,8), entre outros. A nota média na região é 3,5.
O relatório da Transparência Brasil, associada à Transparência Internacional, diz que o Brasil está entre os países "que não são vistos pelos formadores de opinião internacionais como tendo empreendido medidas eficazes para reduzir as fraudes".
"Por que essa percepção não melhora? Porque as causas da corrupção não são combatidas", afirmou Abramo à Folha.
Ao comentar o levantamento, o ministro Waldir Pires (Controladoria Geral da União) questionou a metodologia dele e fez uma ressalva: "As pesquisas utilizadas para a formação desses índices não especificam as esferas de governo a que se referem -União, Estados ou municípios- nem os diferentes poderes -Executivo, Legislativo ou Judiciário".
Pires entende, porém, que é natural que a percepção da corrupção aumente em razão da "saraivada de denúncias". Segundo diz, isso não significa que a corrupção seja um problema novo ou que tenha aumentado de intensidade.

"Expectativa subjetiva"
Ao comparar o governo atual com os anteriores, Abramo opina que, "apesar de Lula não ter adotado o combate à corrupção como bandeira de campanha", havia uma "expectativa subjetiva" de que o governo tratasse o tema com mais seriedade. Na avaliação de Waldir Pires, contudo, "o governo vem fazendo a parte dele".
"Nunca, efetivamente, se combateu tanto a corrupção no Brasil como agora. Mas temos consciência de que a luta contra a corrupção, um fenômeno antigo e global, não produz resultados imediatos. Há toda uma secular cultura de patrimonialismo e coronelismo a ser demolida. As dificuldades são muitas, mas temos a convicção de que estamos no caminho certo", disse o ministro.
O índice para o Brasil foi estimado com base em questionários apresentados entre 2003 e 2005 a dez instituições, entre elas a Universidade Columbia (EUA) e o Fórum Econômico Mundial. A melhor nota (9,7) é da Islândia, a pior (1,7), do Chade (África).


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