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IMAGEM EXTERNA
País é 62º em ranking
Pesquisa indica percepção de alta corrupção no país
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
O Brasil mantém em 2005 sua
imagem internacional de país
com alto grau de corrupção, segundo o Índice de Percepções de
Corrupção da Transparência Internacional, divulgado ontem.
Pelo oitavo ano consecutivo, a
baixa nota do país estimada pela
ONG manteve-se estável dentro
da margem de erro, caindo de 3,9
em 2004 para 3,7 neste ano. Na escala de zero a dez, uma nota menor que cinco indica "níveis graves de corrupção". O índice médio em 2005 foi de 4,1 e, segundo o
relatório, a nota do Brasil poderia
variar entre 3,5 e 3,9.
De acordo com Claudio Weber
Abramo, secretário-geral da ONG
Transparência Brasil, essa estagnação reflete a "ausência de medidas eficazes de combate à corrupção. Significa que a integridade do
país não melhorou".
O país ocupa a 62ª posição de
um total de 158 países. No ano
passado, estava em 59º -mas em
um universo de 146. Entre os países da América do Sul e Central
pesquisados, o Brasil está em nono lugar num total de 26, atrás de
Chile (7,3, o mais bem posicionado), Uruguai (5,9), Colômbia
(4,0) e Cuba (3,8), entre outros. A
nota média na região é 3,5.
O relatório da Transparência
Brasil, associada à Transparência
Internacional, diz que o Brasil está entre os países "que não são
vistos pelos formadores de opinião internacionais como tendo
empreendido medidas eficazes
para reduzir as fraudes".
"Por que essa percepção não
melhora? Porque as causas da
corrupção não são combatidas",
afirmou Abramo à Folha.
Ao comentar o levantamento, o
ministro Waldir Pires (Controladoria Geral da União) questionou
a metodologia dele e fez uma ressalva: "As pesquisas utilizadas para a formação desses índices não
especificam as esferas de governo
a que se referem -União, Estados ou municípios- nem os diferentes poderes -Executivo, Legislativo ou Judiciário".
Pires entende, porém, que é natural que a percepção da corrupção aumente em razão da "saraivada de denúncias". Segundo diz,
isso não significa que a corrupção
seja um problema novo ou que tenha aumentado de intensidade.
"Expectativa subjetiva"
Ao comparar o governo atual
com os anteriores, Abramo opina
que, "apesar de Lula não ter adotado o combate à corrupção como bandeira de campanha", havia uma "expectativa subjetiva"
de que o governo tratasse o tema
com mais seriedade. Na avaliação
de Waldir Pires, contudo, "o governo vem fazendo a parte dele".
"Nunca, efetivamente, se combateu tanto a corrupção no Brasil
como agora. Mas temos consciência de que a luta contra a corrupção, um fenômeno antigo e global, não produz resultados imediatos. Há toda uma secular cultura de patrimonialismo e coronelismo a ser demolida. As dificuldades são muitas, mas temos a
convicção de que estamos no caminho certo", disse o ministro.
O índice para o Brasil foi estimado com base em questionários
apresentados entre 2003 e 2005 a
dez instituições, entre elas a Universidade Columbia (EUA) e o
Fórum Econômico Mundial. A
melhor nota (9,7) é da Islândia, a
pior (1,7), do Chade (África).
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