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Aliados querem CPMF de 0,30% até 2010
Proposta, que prevê queda gradual a partir de 2008, será levada à equipe econômica; perda seria de R$ 2 bi no próximo ano
Guido Mantega afirma que abatimento da CPMF sobre outros impostos, como IR, pode entrar em discussão, bem como a faixa de isenção
VALDO CRUZ
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes governistas vão apresentar uma proposta para negociar a prorrogação da CPMF
com a oposição que faria a alíquota do chamado imposto do
cheque cair dos atuais 0,38%
para 0,30% ao final do mandato
do presidente Lula. A idéia, a
ser debatida com a equipe econômica, fixaria o seguinte cronograma de redução: 0,02 ponto percentual no próximo ano e
mais dois cortes de 0,03 ponto
percentual em 2009 e 2010.
A proposta agrada a setores
da oposição, sobretudo no
PSDB, que exigem sua adoção
logo após a promulgação da
emenda que prorroga a CPMF
até 2011, caso seja aprovada.
Tucanos já receberam a promessa de que esse cronograma
de redução seria adotado por
medida provisória. Mas a equipe econômica prefere que a redução comece a partir de 2009.
Em 2008, uma redução de
0,02 ponto percentual implica
perda de receita da ordem de
R$ 2 bilhões, numa arrecadação prevista de R$ 40 bilhões.
Ontem, no Senado, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) reafirmou que o governo está disposto a aceitar uma
redução da alíquota "O que não
temos condições é suportar
uma perda abrupta ou total da
CPMF. A possibilidade de haver um movimento gradativo
para reduzir eu acho que é perfeitamente possível."
Em Washington, o ministro
Guido Mantega (Fazenda) disse que há no Congresso disposição para o diálogo. "Podemos
fazer pura e simplesmente uma
pequena redução da alíquota,
mas não podemos abrir mão da
maior parte dos recursos da
CPMF. Ou poderemos permitir
o abatimento do que é pago
com a CPMF em outros tributos, como os que incidem sobre
a folha de salários. Poderíamos
permitir também abatimento
sobre o imposto de renda, ou
isentar da CPMF os assalariados de renda mais baixa. Tudo
isso está em estudo", admitiu.
Ganha força no Senado a proposta de apresentar um projeto
para isentar da cobrança da
CPMF quem recebe até R$
1.200 mensais e tem somente
uma conta corrente. O líder do
PMDB, Valdir Raupp (RO), disse que apresentará um projeto
que trata do assunto na Comissão de Assuntos Econômicos. O
senador José Sarney (PMDB-AP) sugere elevar a faixa de
isenção para R$ 2.000. A idéia é
que o projeto seja aprovado antes da CPMF.
O secretário-adjunto da Receita, Carlos Alberto Barreto,
disse que o impacto da medida
seria pequeno porque alguns
trabalhadores já são isentos do
imposto. Ele explicou que hoje,
conforme resolução do CMN
(Conselho Monetário Nacional) de 2004, empregados com
rendimento de até 3 salários
mínimos (R$ 1.140) já têm abatimento no pagamento mensal
ao INSS, cuja alíquota têm
"desconto" de 0,38% - equivalente à incidência da CPMF.
Outro benefício ocorre nas
contas simplificadas, que recebem até R$ 1.000 por mês sem
cobrança de tarifas (o correntista não paga CPMF). Sobre a
proposta de isenção para faixa
de até R$ 1.700, Barreto diz que
é preciso calcular o impacto.
Colaboraram FERNANDO CANZIAN, enviado especial a Washington, e FERNANDO NAKAGAWA, da Sucursal de Brasília
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