DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de São Vicente (litoral paulista) desarquivou o inquérito por ofensa e ameaça contra o delegado da Polícia Federal José Augusto Bellini, o agente federal César Herman Rodriguez e o empresário Sérgio Chiamarelli Jr., presos na Operação Anaconda, e determinou nova investigação pela Corregedoria da Polícia Civil.
A decisão foi do juiz Carlos Eduardo Andrade Sampaio, da 3ª Vara Criminal de São Vicente, o mesmo que determinou o arquivamento do inquérito em maio passado. O pedido de desarquivamento foi feito pelo promotor de Justiça Luiz Cláudio Bandeira, a partir de reportagem publicada pela Folha no último domingo.
O episódio que motivou o inquérito ocorreu em 2 de agosto de 2002, em uma feira de malhas em São Vicente. Duas mulheres que trabalhavam em uma estande da feira afirmaram que foram ofendidas e ameaçadas por Bellini, Rodriguez e Chiamarelli. Uma criança de nove anos também teria sido agredida com um tapa.
Segundo denúncia da Procuradoria da República, os três teriam usado seus contatos na Polícia Civil paulista e no Poder Judiciário para controlar a investigação e forçar o arquivamento.
"As suspeitas exigem uma nova investigação, e não pode ser feita pela polícia de São Vicente", disse o promotor. Segundo ele, não havia até então evidências de que o inquérito pudesse ter sido conduzido para beneficiar Bellini e que, por isso, ele mesmo pediu o arquivamento em maio.
"Esse caso foi vergonhoso. Não entendo como foi arquivado", afirmou Ronaldo Cesar Justo, advogado das vendedoras Geruisa da Silva Ferreira e Claudia Aparecida Bernardes Ferreira, que teriam sido ofendidas e ameaçadas pelo grupo. Geruisa teria recebido, segundo Justo, três ameaças de morte por telefone.
O juiz Carlos Sampaio negou ter recebido pedido do desembargador Mariano de Siqueira Neto para arquivar o inquérito. Ele disse conhecer Siqueira Neto e outros desembargadores do Tribunal de Justiça, mas afirmou não se lembrar de uma conversa ocorrida no dia 29 de maio -o inquérito foi encaminhado a Sampaio no dia 28 e devolvido ao cartório, com sua decisão, no dia seguinte.
"Recebemos vários pedidos de informações sobre andamentos de processos, mas jamais para influenciar resultados", afirmou o juiz. (GILMAR PENTEADO)


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