São Paulo, quarta, 19 de novembro de 1997.




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INVESTIGAÇÃO
Maurilio Curi nega envolvimento de ex-prefeito em negócio com Melo Perez, empresa investigada pela PF
Genro de Maluf intermediou contratação


da Reportagem Local

O engenheiro Maurilio Miguel Curi, genro de Paulo Maluf, afirmou ontem à Folha que foi ele quem contratou a empresa Melo Perez Terraplanagem para realizar obras na casa e em uma empresa do ex-prefeito paulistano.
A Melo Perez está sendo investigada pela Polícia Federal. Ela faria parte do Grupo Monte Cristo, acusado de emitir notas falsas no valor de milhões de reais para grandes empresas.
"O ex-prefeito Maluf não sabia de nada, a Melo Perez foi uma escolha minha, como engenheiro", afirmou Curi, casado com Ligia, uma das filhas de Maluf.
A PF descobriu que uma secretária do Monte Cristo, Sônia Mariza Branco, aparece na Junta Comercial de São Paulo como sócia majoritária, com 90% das cotas, da Melo Perez.
As duas empresas ainda funcionam na mesma casa. Um dos sócios do Monte Cristo, Adir Assad, é o engenheiro responsável pela Melo Perez. Apesar dessas evidências, o sócio minoritário da empresa, Edsom Perez, nega que ela pertença ao Grupo Monte Cristo.

Serviço prestado
Segundo Curi, ele atua como engenheiro responsável em algumas obras executadas para Maluf. "Eu pago pelas obras e depois sou reembolsado", afirmou.
"Sou engenheiro responsável, executei as obras contratando não só a Melo Perez como outras empresas", disse ele ainda.
Curi mostrou à Folha as notas da Melo Perez, e o número dos cheques com que foram pagas, para demonstrar que elas não seriam falsas. "Nós contratamos essa empresa, ela nos prestou serviço, pagamos, temos a duplicata quitada. O que mais podemos fazer além de acreditar na veracidade das notas?", disse.
O engenheiro disse que a Melo Perez continua prestando serviços para ele. "Há uma caçamba na porta da casa do ex-prefeito, recebendo o entulho da ampliação da garagem."
Curi negou que as notas sejam falas. "As notas encontradas pela PF são de importância pequena para levantar tanta poeira. A Melo Perez continuará a prestar serviços para mim, não há nada que os desabone", disse.
Ainda segundo Curi, as obras contratadas pelo ex-prefeito Maluf estão acabando. "Em dois meses deve terminar, daí nosso relacionamento com a Melo Perez vai se findar", disse.
Frangogate
É a segunda vez no ano que Maurilio Curi aparece em investigações sobre empresas relacionadas com Paulo Maluf.
No Frangogate, investigação sobre a venda de coxas e sobrecoxas de frango à Prefeitura de São Paulo nas gestões Maluf e Celso Pitta (PPB), o nome de Curi foi lembrado por Sylvia Maluf, a mulher do ex-prefeito, durante depoimento ao Ministério Público.
Sylvia disse que o genro era o responsável pela granja Obelisco -fornecedora de frango vivo para abate da empresa A D'Oro, que vendeu as coxas e sobrecoxas à prefeitura e é de propriedade do irmão da ex-primeira-dama.
Em depoimento em setembro, Curi manteve a informação. Em junho, porém, o gerente da granja havia dito que eram Sylvia e Ligia as responsáveis pelo negócio.
(LUIS HENRIQUE AMARAL)


Colaborou Igor Gielow, da Reportagem Local



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