São Paulo, quinta, 19 de novembro de 1998

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PAINEL

Saindo do forno
O secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente, diz que "na semana que vem" a Câmara receberá a proposta de reforma tributária do governo: "Vamos levar a proposta, que é uma sugestão, à comissão especial. É difícil agradar gregos e troianos, mas estamos acertando detalhes finais em relação aos Estados".
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Acordo federal
Na Câmara, líderes governistas articulam a incorporação da proposta de reforma tributária elaborada por Pedro Parente (nº 2 da Fazenda) ao relatório final do pefelista Mussa Demes (PI). Ela não será enviada por meio de nova emenda constitucional para não ter de ser submetida a novos prazos regimentais.
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Peneira estatal
Havia dois grampos no BNDES e uma escuta na sala do presidente do banco. Nas fitas, são ouvidas a voz de uma secretária ao tirar o fone do gancho e o ruído da discagem -seria, portanto, o grampo no telefone da presidência. O outro provavelmente estava na Telerj, segundo análises técnicas feitas pela polícia.
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Sacrifício inútil
Kandir, ex-ministro do Planejamento, acha que os juros poderiam estar hoje por volta de 30%, bem abaixo dos 37,5% praticados ontem pelo BC. "A cada dia que o país convive com uma taxa de juros de um ponto percentual a mais do que o necessário, perde R$ 7,4 milhões (valor que se acrescenta à dívida pública)".
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Equipe em guerra
Líderes governistas dizem que FHC não se deu conta do desgaste em sua autoridade provocado pelo "dossiê do Caribe" e pelo grampo no BNDES. Perguntam, por exemplo: "Como o presidente poderá reunir Mendonção, Malan e Pedro Parente para tratar de assuntos de Estado após o que foi revelado do grampo?".
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Ah, bom
De Eduardo Jorge, a interlocutores, sobre o "H" da CH, J & T, a suposta empresa de tucanos em paraíso fiscal no Caribe: "Você conhece alguém que chame o presidente de Henrique?". Jorge continua adiando sua volta à Secretaria Geral do Planalto.
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Traje de gala
O PFL teme que a posse de FHC não tenha o mesmo brilho da de 95, o que pode passar a impressão de fragilidade do governo numa hora em que a maré está baixa. Jorge Bornhausen, presidente do PFL, por exemplo, estará fora em 1º de janeiro. Após a eleição, na maré alta, o Planalto falava de cerimônia simples.

Sujeito oculto
ACM soltou ontem os cachorros em cima de Chelotti (PF), porque o delegado queria tomar o depoimento de Djalma Falcão (PMDB-AL) sobre o "dossiê do Caribe". Falcão não vai, o que impedirá Chelotti de chamar também Gilberto Miranda (PFL-AM), muito amigo do baiano.
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Saindo de fininho
Jorge Bornhausen viajou ontem para Portugal, onde serviu como embaixador antes de se eleger senador por Santa Catarina. "Vou para o Primeiro Mundo. Lá não tem grampo", ironiza o presidente do PFL, partido que tem detonado Mendonção.
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Riso certo
A acareação da PF entre os envolvidos no "dossiê do Caribe" promete. Pefelistas que conhecem muito bem o ex-presidente do Banco do Brasil Lafayete Coutinho apostam: ele dirá que nem conhece Luiz Gushiken, o petista a quem ofereceu o dossiê, como emissário de Maluf (PPB).
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A fila é grande
Se ouvir os conselhos da cúpula do PSDB, Mendonção se recolherá depois de depor hoje no Senado. Os tucanos acham que, falando aos borbotões, o ministro só está atraindo um contingente cada vez maior de inimigos.
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Pastel de feira
Secretários municipais de SP estão irritados com Pitta. Eles alegam estar sendo "fritados" nos últimos dias, com o vazamento de informações extra-oficiais sobre a reforma política. Um deles pensa em abandonar o cargo ainda nesta semana.
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Visita à Folha
O vice-prefeito de São Paulo, Régis de Oliveira, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado dos assessores Dorival Pandin (imprensa) e Rogério P. Silva.
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TIROTEIO
De José Genoino (PT-SP), sobre o escândalo das fitas com as conversas de Mendonção (Comunicações) e André Lara Resende (BNDES) combinando a venda da Tele Norte Leste:
- O BNDES é a verdadeira caixa-preta do governo.

CONTRAPONTO

Sabe o que fala
O deputado federal Tilden Santiago (PT-MG) deixou seu gabinete, no 9º andar da Câmara, na última segunda por volta das 22h. Nessa hora, quase não há mais ninguém no Congresso. O corredor, por exemplo, já estava vazio e com algumas luzes apagadas. Tomou o elevador e, observando o cansaço do ascensorista, o petista perguntou, na tentativa de puxar conversa de modo simpático:
- Até que horas você tem de trabalhar?
- Até as 23h - respondeu o funcionário.
Tilden, eleito para seu terceiro mandato, aproveitou para fazer campanha política.
- Quando eu for presidente da Câmara, vocês (ascensoristas) vão poder sair mais cedo.
O funcionário não perdeu a chance de fazer uma piada.
- É mais fácil eu virar piloto de Boeing do que ver o PT na presidência desta Casa - retrucou, fazendo o deputado rir da sinceridade da brincadeira.



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