São Paulo, quinta, 19 de novembro de 1998

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DEPOIMENTO
Mendonça de Barros afirma estar tranquilo com ida hoje ao Senado
Ministro diz que apontará "autor' se convocado pela PF

ISABEL VERSIANI
enviada especial a Nova York


O ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) disse ontem que, caso seja convocado a depor na Polícia Federal sobre o caso das conversas telefônicas grampeadas no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ele dirá quem, na sua opinião, está por trás da divulgação das fitas.
Ao embarcar na noite de anteontem no aeroporto JFK, em Nova York, com destino a São Paulo, Mendonça de Barros disse estar "tranquilo" com a perspectiva de depor hoje no Congresso sobre o caso das fitas. "Eu mesmo me ofereci para esclarecer o assunto aos parlamentares", afirmou.
Em seu depoimento, segundo o ministro, ele vai argumentar que os trechos das conversas telefônicas divulgados, os quais sugerem influência no processo de privatização do Sistema Telebrás, foram editados, dando uma idéia distorcida dos diálogos.
Mendonça de Barros afirmou que, na véspera do leilão de privatização, ele teria conversado com "vários" consórcios interessados em participar da concorrência.
Uma dessas conversas, segundo o ministro, foi com a empresa MCI, a quem ele teria esclarecido detalhes da regulação do setor de telecomunicações no país.
²Senadores esperam também a presença de André Lara Resende, presidente do BNDES, durante o depoimento do ministro. ² Carlos Jereissati
Em conversa com jornalistas na segunda-feira, em Nova York, o ministro acusou o empresário Carlos Jereissati de ter sido o responsável pela divulgação das fitas.
Segundo Mendonça de Barros, Jereissati, sócio do consórcio Telemar, que controla a companhia Tele Norte Leste, estaria entrando em atrito com o BNDES e teria interesse em desgastá-lo politicamente.
O BNDES detém 25% do capital da empresa e tem poder de voto na diretoria da empresa.
"É fácil ver quem seria beneficiado com a minha demissão", disse Mendonça de Barros.
² Tasso Jereissati
O governador do Ceará, Tasso Jereissati, defendeu ontem que o PSDB continue apoiando o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
"Eu acho que o ministro continua apoiado pelo PSDB. Qualquer documentação ou papelório forjado não pode servir para fazer política pública", afirmou o governador cearense.
"Isso não pode servir para denegrir ou fortalecer qualquer homem público", completou, referindo-se ao caso do dossiê Caribe -papéis sem autenticidade comprovada- e ao do grampo.
Para Jereissati, o nome de Mendonça de Barros também continua cotado para ocupar o futuro Ministério da Produção. Segundo ele, a discussão sobre demitir ou não o ministro do governo cabe apenas ao presidente.
Ao ser questionado sobre as acusações de que seu irmão, o empresário Carlos Jereissati, seria um dos responsáveis pelo grampo no BNDES, o governador foi lacônico: "Não quero comentar, prefiro não comentar". Segundo ele, o papel do BNDES no processo de privatização foi "legítimo".



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