LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

Um novo critério será adotado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para decidir invadir áreas a partir de 2000. Foi anunciado que, nos próximos dois anos, será implementado um plano de invasões a todas as fazendas que tenham plantações de sementes transgênicas no Rio Grande do Sul.
A decisão foi tomada anteontem à noite, ao se encerrar o 17º Encontro Estadual da entidade no RS, no município de São Leopoldo (35 km de Porto Alegre).
De acordo com Mário Lill, coordenador do MST, serão intensificadas as invasões a partir de 2000, tendo como alvo "todas" as fazendas que plantem transgênicos (alimentos geneticamente modificados) e as propriedades improdutivas com mais de 500 hectares.
A decisão deve intensificar o conflito rural. Recentemente, fiscais do governo gaúcho que pretendiam realizar investigação na região central do Estado sobre plantações de soja transgênica foram mantidos como reféns por 300 produtores no centro de treinamentos da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) em Tupanciretã (440 km de Porto Alegre).
O governo gaúcho proíbe a plantação de transgênicos. Desde que Olívio Dutra (PT) tomou posse, abriu forte briga contra a utilização de semente modificada. Por enquanto, os fiscais colheram 700 amostras em 300 propriedades de 16 municípios e constataram o uso de transgênicos em 31 delas.
Em Caiuá, no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo), seis pessoas ficaram feridas em confronto entre integrantes do Mast (Movimento dos Agricultores Sem Terra) e funcionários da fazenda Vista Alegre. Eles foram atendidos em um hospital e liberados.