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Bancada reclama da escolha de equipe
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O futuro chefe da Casa Civil, José Dirceu, ouviu ontem por quase
três horas queixas generalizadas
da bancada do PT, sobretudo da
esquerda do partido, insatisfeita
com as escolhas que vêm sendo
feitas pelo presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva, para compor
o ministério do futuro governo.
Questionado sobre a escolha da
equipe e os rumos da política econômica, Dirceu respondeu que
haverá um período de "transição
econômica" de seis a 18 meses entre o atual e novo governo, mas
que isso não será "impeditivo"
para que os programas sociais do
partido saiam do papel já a partir
de 1º de janeiro de 2003.
A reunião da bancada, que começou às 10h30 e se estendeu até
as 19h, indicou o líder João Paulo
Cunha candidato da sigla à presidência da Câmara em 2003. Os
deputados Walter Pinheiro (BA)
e Paulo Delgado (MG) retiraram
suas candidaturas "em nome da
unidade". A escolha do novo líder
na Câmara ficou para ser decidida
no início do próximo ano.
O alvo principal da esquerda petista é o banqueiro Henrique Meirelles, escolhido para a presidência do Banco Central. "Foi aterrorizante", disse, num dos intervalos da reunião, o deputado Milton
Temer (RJ), se referindo à sabatina de Meirelles no Senado.
A esquerda do PT protestou por
ter sabido por Meirelles que Lula
pensava em manter superávit alto
e a independência do Banco Central. "Quero saber quando isso foi
discutido", queixou-se Temer.
Ainda assim ele e outros expoentes da oposição petista avaliaram que é preciso dar um crédito de confiança até que o governo
envie a próxima LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
"O terreno é minado e nós não
podemos perder uma perna no
caminho", disse Temer. A LDO,
entre outras coisas, define a meta
do superávit.
Meirelles foi objeto de críticas
mesmo de petistas de fora do espectro da esquerda radical da legenda. "Melhor do que eu esperava [a sabatina no Senado", mas
ainda não é a nossa visão total",
disse o deputado eleito Luiz
Eduardo Greenhalgh (SP).
Houve também queixas sobre a
posição do partido em relação à
postura da senadora Heloísa Helena (AL), substituída na comissão encarregada de sabatinar
Meirelles por ameaçar votar contra sua indicação. Para o deputado eleito Chico Alencar (RJ), "o
direito à crítica é um dogma no
PT". Dirceu disse que qualquer
partido no mundo enquadra filiados. O recado foi entendido.
O deputado Babá (PA) protestou contra a escolha de Roberto
Rodrigues para a pasta da Agricultura. Entre outras críticas, disse que Rodrigues, que classificou
como um representante da "direita", defenderia os transgênicos.
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