São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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Bancada reclama da escolha de equipe

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O futuro chefe da Casa Civil, José Dirceu, ouviu ontem por quase três horas queixas generalizadas da bancada do PT, sobretudo da esquerda do partido, insatisfeita com as escolhas que vêm sendo feitas pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, para compor o ministério do futuro governo.
Questionado sobre a escolha da equipe e os rumos da política econômica, Dirceu respondeu que haverá um período de "transição econômica" de seis a 18 meses entre o atual e novo governo, mas que isso não será "impeditivo" para que os programas sociais do partido saiam do papel já a partir de 1º de janeiro de 2003.
A reunião da bancada, que começou às 10h30 e se estendeu até as 19h, indicou o líder João Paulo Cunha candidato da sigla à presidência da Câmara em 2003. Os deputados Walter Pinheiro (BA) e Paulo Delgado (MG) retiraram suas candidaturas "em nome da unidade". A escolha do novo líder na Câmara ficou para ser decidida no início do próximo ano.
O alvo principal da esquerda petista é o banqueiro Henrique Meirelles, escolhido para a presidência do Banco Central. "Foi aterrorizante", disse, num dos intervalos da reunião, o deputado Milton Temer (RJ), se referindo à sabatina de Meirelles no Senado.
A esquerda do PT protestou por ter sabido por Meirelles que Lula pensava em manter superávit alto e a independência do Banco Central. "Quero saber quando isso foi discutido", queixou-se Temer.
Ainda assim ele e outros expoentes da oposição petista avaliaram que é preciso dar um crédito de confiança até que o governo envie a próxima LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
"O terreno é minado e nós não podemos perder uma perna no caminho", disse Temer. A LDO, entre outras coisas, define a meta do superávit.
Meirelles foi objeto de críticas mesmo de petistas de fora do espectro da esquerda radical da legenda. "Melhor do que eu esperava [a sabatina no Senado", mas ainda não é a nossa visão total", disse o deputado eleito Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).
Houve também queixas sobre a posição do partido em relação à postura da senadora Heloísa Helena (AL), substituída na comissão encarregada de sabatinar Meirelles por ameaçar votar contra sua indicação. Para o deputado eleito Chico Alencar (RJ), "o direito à crítica é um dogma no PT". Dirceu disse que qualquer partido no mundo enquadra filiados. O recado foi entendido.
O deputado Babá (PA) protestou contra a escolha de Roberto Rodrigues para a pasta da Agricultura. Entre outras críticas, disse que Rodrigues, que classificou como um representante da "direita", defenderia os transgênicos.


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