São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSIÇÃO

Medida provisória da minirreforma tributária e elevação da Cide são aprovadas e asseguram arrecadação maior

Senado garante mais R$ 5 bi ao PT em 2003

RAQUEL ULHÔA
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado aprovou ontem, em apenas um dia de discussão, a medida provisória 66 e a elevação do teto da Cide (Contribuição da Intervenção no Domínio Econômico), que asseguram uma arrecadação adicional de cerca de R$ 5 bilhões para o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois textos vão à sanção presidencial.
Foi aprovado também projeto de lei que prorroga o fundo de compensações aos Estados pelas perdas provocadas pela Lei Kandir, que expira no final do ano.
Pela regra em vigor, os Estados receberiam em 2003 cerca de R$ 1,8 bilhão de compensação. Com a prorrogação, essa quantia chegará a R$ 3,9 bilhões.
Como aconteceu na Câmara, apenas o PFL tentou alterar a MP 66, apresentando destaque para retirar do texto a prorrogação das alíquotas de 27,5% do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) e de 9% da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de empresas a partir de janeiro.
""O PFL é contra qualquer aumento da carga tributária no país. Essa é uma posição partidária, aprovada pela Executiva Nacional", justificou o líder pefelista, José Agripino (RN).
O senador Romero Jucá (PSDB-RR), vice-líder do governo Fernando Henrique Cardoso, que foi relator da MP 66 em plenário, disse que sua aprovação seria fundamental para a concessão de um salário mínimo de R$ 240 pelo futuro governo.
Em nome do PT, o senador José Eduardo Dutra (SE) assumiu compromisso de rever a tabela do IR daqui a um ano, alterando a progressividade da cobrança. "Não se trata de aumento de imposto. Estamos apenas prorrogando por mais um ano a atual receita", disse.

Cide
O teto da Cide foi ampliado de R$ 0,50 para R$ 0,86 por litro de gasolina. Se o teto for mantido durante todo o ano, o governo terá uma renda adicional superior a R$ 3 bilhões. A arrecadação total deverá superar os R$ 8 bilhões.
O projeto de lei prevê a utilização de 75% dos recursos da Cide na área de transportes. No próximo ano, o governo poderá usar esse dinheiro para pagar pessoal, custeio e dívidas do setor de transporte. O restante poderá ser usado para formar superávit.
A MP 66 também promove a reabertura do Refis, que refinancia dívidas com a Receita Federal e o INSS, e implanta o Simples 3, uma fórmula simplificada de pagamento de impostos para micro e pequenas empresas.
Poderão optar pelo Simples agências de viagem e turismo, centros de formação de condutores, corretagem de recursos, agências lotéricas, agências permissionárias dos correios e escritórios de contabilidade, escolas de primeiro e segundo grau, cursos de idiomas, empresas de softwares, pequenos hospitais e clínicas.
Outro dispositivo da medida provisória estabelece o fim da cobrança cumulativa do PIS-Pasep, um dos itens previstos no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). A contribuição de 0,65% para cada fase da cadeia produtiva será substituída pela alíquota única de 1,65%.


Texto Anterior: Lista de convidados da posse cria "dilema"
Próximo Texto: Acordo permite que Orçamento vá a votação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.