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LEGISLATIVO
Aumento para deputados e senadores foi aprovado em menos de 2 minutos, ontem, e vigora a partir de fevereiro
Salário de parlamentar vai a R$ 12,72 mil
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados aprovou ontem, em votação simbólica
e que demorou menos de dois minutos, o projeto de decreto legislativo que aumenta o salário de
deputados e senadores de R$
8.280 para R$ 12,72 mil.
O plenário chegou a aprovar um
texto que elevaria o salário para
R$ 17,1 mil, mas um destaque
aprovado após encerrada a votação fixou os vencimentos dos
congressistas em R$ 12,72 mil.
O aumento provocará um
acréscimo de R$ 39,5 milhões nas
folhas da Câmara e do Senado
porque os congressistas recebem
ao menos 15 salários por ano, incluindo o 13º e duas ajudas de custo. Quando ocorrem convocações
extraordinárias, em janeiro e julho, recebem 19 salários por ano.
O projeto foi votado ontem
mesmo no Senado e entrará em
vigor na próxima legislatura, a
partir de fevereiro. "Há acordo de
lideranças para aprovar. O Senado vai acompanhar a Câmara.
Sou a favor porque tenho que refletir o sentimento da Casa", disse
ontem o presidente do Senado,
Ramez Tebet (PMDB-MS). Como
o aumento será fixado por decreto legislativo, não poderá ser vetado pelo presidente da República.
O caminho para a aprovação do
aumento foi aberto com a renúncia do presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), anteontem à noite. Ele deixou a Casa para preparar a sua posse no governo de Minas Gerais. Minutos após
a sua renúncia, a Mesa Diretora
elegeu o novo presidente, Efraim
Morais (PFL-PB), e decidiu colocar em votação o aumento ontem.
O projeto foi votado em um minuto e 28 segundos, às 12h55, sem
que o seu texto fosse anunciado
pela Mesa. A proposta previa que
a remuneração dos membros do
Congresso corresponderia à
maior remuneração paga, a qualquer título, a ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), "incluídas as vantagens pessoais". Com
esse texto, estava estabelecido o
salário de R$ 17,1 mil.
Mas os deputados desconheciam o conteúdo do projeto que
acabavam de aprovar. "Ficou R$
12 mil, não? Foi combinado R$ 12
mil", comentou Roberto Brant
(PFL-MG). Henrique Fontana
(PT-RS) nem sabia da votação.
"Não foi votado ainda."
Ronaldo Caiado tinha outra
fonte de informação: "Pelo que li
nos jornais, foi R$ 12 mil".
Doutor Rosinha (PT-PR) admitiu que o salário ficaria em R$ 17
mil e completou: "Acho uma pouca vergonha". Luiza Erundina
(PSB-SP) também protestou: "Essa Casa está muito desligada da situação do povo". Professor Luizinho (PT-SP) tinha uma preocupação extra. "Pega mal começar
um governo novo resolvendo o
problema dos deputados."
Pressionado por alguns deputados, Efraim aceitou votar um destaque do Professor Luizinho que
retirava do texto a expressão
"vantagens pessoais", mesmo
com a votação já concluída. Ele já
havia feito até a votação da redação final, às 12h57min.
Depois de votar o destaque, o
presidente anunciou que o salário
dos congressistas será fixado em
R$ 12,72 mil. O principal articulador do texto que aumentaria os
salários para R$ 17,1 mil foi o primeiro-secretário da Câmara, Severino Cavalcanti (PPB-PE). Ele
sumiu do plenário enquanto os
deputados discutiam o valor.
Após a votação, fez festa no gabinete. Era seu aniversário.
De acordo com a Constituição,
o aumento dos deputados federais permite que os estaduais e vereadores também obtenham o benefício. Deputados estaduais recebem até 75% do valor do salário
dos federais. Vereadores ganham
até 75% dos estaduais.
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