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RORAIMA
Ministério Público Federal acusa governador de participar do escândalo da folha de pagamento e pede processo contra ele
Inquérito dos "gafanhotos" cita Flamarion
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
Pela primeira vez desde que as
investigações do chamado "escândalo dos gafanhotos" foram
trazidas a público, o governador
de Roraima, Flamarion Portela
(que pediu afastamento do PT),
48, é citado formalmente como
envolvido na fraude, que pode ter
resultado no desvio de R$ 230 milhões em recursos públicos.
O Ministério Público Federal de
Roraima encaminhou ontem à
Justiça Federal no Estado os autos
do inquérito conduzido pela Polícia Federal, que investigou o possível envolvimento do governador no caso. O inquérito sugere
que seja aberto processo contra
Flamarion no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
"Enquanto vice-governador,
Flamarion sabia da existência dos
"gafanhotos" e da fraude instalada
na folha de pagamento da Secretaria da Administração e do Departamento de Estradas de Rodagem [DER]. Quando assumiu o
cargo de governador, em abril do
ano passado, Flamarion não só
deu continuidade ao esquema criminoso como o ampliou", diz trecho da manifestação do MPF.
"Diante do exposto, o Ministério Público Federal requer a declinação de competência, remetendo-se os autos ao Superior Tribunal de Justiça." Cabe agora ao juiz
federal decidir pelo encaminhamento do inquérito ao STJ ou pelo seu arquivamento. Se remetê-lo
para Brasília, o STJ o encaminhará à Procuradoria Geral da República, que poderá oferecer denúncia contra Flamarion ou decidir
pelo arquivamento.
Segundo a PF, a fraude usava
cerca de 5.500 "gafanhotos" (funcionários fantasmas). Os salários
eram sacados por pessoas que tinham procurações assinadas pelos "gafanhotos". Uma parte do
dinheiro ia para autoridades acusadas de indicar os nomes dos
"gafanhotos".
O MPF afirma que o esquema
foi criado durante a administração do ex-governador Neudo
Campos (1995-2002), do PP, do
qual Flamarion foi vice.
O pedido de processo contra
Flamarion se baseia em testemunhos e documentos. De acordo
com o MPF, o ex-deputado Bernardino Cirqueira disse que Flamarion, pouco depois de assumir
o governo, propôs a inclusão de
"gafanhotos" na folha de pagamento em troca de apoio na Assembléia. As apurações demonstram que Cirqueira teria direito a
uma cota de 24 "gafanhotos", o
que lhe renderia R$ 48 mil/mês.
Na Norte Serviços de Arrecadação e Pagamentos, que efetuava o
pagamento aos procuradores, a
PF achou recibos e cópias das
procurações usadas por Elândia
Gomes Araújo, assessora de Cirqueira, para sacar o dinheiro em
junho de 2002, quando Flamarion
havia assumido o governo.
Segundo o procurador Darlan
Airton Dias, a secretária da Administração (exonerada), Diva Briglia, confessou que avisou Flamarion da inclusão dos "gafanhotos", e que ele consentiu.
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