São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Detalhes tão pequenos

Quando foi aprovada pelos deputados, em 28 de maio passado, a emenda que ontem saiu do Senado autorizando a criação de 7.343 cargos de vereador, para horas depois ser barrada pela Câmara, teve o aval de 359 deputados. À época, apenas dez enfrentaram o desgaste de votar contra. Houve quatro abstenções. Com exceção do PSOL, todos os partidos, do governo e da oposição, recomendaram voto a favor.
Há quem compare a rejeição de ontem, comandada por Arlindo Chinaglia (PT-SP), à devolução da MP das filantrópicas encenada no mês passado pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). Uma vez restaurado o texto da Câmara, tudo indica que a emenda passará sem maior dificuldade.



Herança. Antes de rejeitar a emenda constitucional dos vereadores, Chinaglia propôs, na reunião da Mesa Diretora, mudar a cobertura de saúde dos deputados, hoje baseada em reembolsos feitos mediante apresentação de notas fiscais. Falou-se em contratar um plano, mas a decisão ficou para o próximo presidente.

Facultativo. A oposição aponta o artigo 3º do projeto que cria o Fundo Soberano do Brasil como prova de que ele não será transparente. O trecho afirma que o fundo será regulamentado por decreto, estabelecendo "inclusive" as regras de supervisão.

Síntese. O governo rebate argumentando que o fundo será fiscalizado pelo TCU, além de ter seus desembolsos acompanhados pelo Siafi.
Mas esse sistema, a que deputados e senadores têm acesso, deverá trazer apenas um resumo das movimentações.

É hoje só. Ao optar por uma MP para prover o Fundo Soberano com os recursos que a oposição lhe negou, o governo quer se livrar do problema de ter de encontrar as receitas no ano que vem, num cenário de crise. "E alguém sabe como vai estar o Orçamento em 2009?", pergunta Gilmar Machado (PT-MG), vice-líder do governo.

Alvorada. Quando o fundo estava para ser votado, Gim Argello (PTB-DF) ligou para o celular de Jayme Campos (DEM-MT), cujo toque é um galo cantando. Quem cochilava acordou assustado.

Tempo... Nove entre dez defensores da recandidatura de Garibaldi Alves (PMDB-RN) manifestam, longe dos microfones, a convicção de que o pleito do senador não tem sustentação jurídica.

...ao tempo. Garibaldi é a pior opção para o Planalto, raciocina um senador peemedebista. Se mais não for, por sua conhecida proximidade com o presidenciável tucano José Serra. Portanto, continua o senador, se Tião Viana (PT-AC) não decolar, crescerá a pressão para que José Sarney (PMDB-AP) seja candidato.

Guardanapo. Para retirar do jogo o nome de Milton Monti, o PR obteve do candidato à presidência Michel Temer (PMDB-SP) a garantia de um cargo na próxima direção da Câmara, provavelmente o de corregedor. Inocêncio Oliveira, portanto, tem tudo para continuar na Mesa.

É mesmo? De Monti, há uma semana, quando mandou espalhar pela Câmara galhardetes com sua imagem em tamanho natural: "Agora ninguém poderá duvidar de que vou até o fim".

De graça. Major Fábio (DEM-PB), herdeiro da vaga do "infiel" Walter Brito (PRB-PB), oficialmente cassado ontem, recebeu 4.061 votos em 2006. Sua campanha custou R$ 5.230,27, dos quais R$ 2.000 ele declarou ter recebido do comitê do governador Cássio Cunha Lima (PSDB), hoje com o mandato em risco.

Vida e obra. Em sua curta passagem pela Câmara, Brito se especializou em apresentar "sugestões" a ministros, como a de criar pasta dedicada ao semi-árido nordestino, separada da Integração Nacional.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Não temos as principais condições: superávit em transações correntes e fiscal. Portanto, não se trata de Fundo Soberano, é sim de "fundo do soberano"."

De ACM JÚNIOR (DEM-BA), sobre a mais polêmica das 32 matérias aprovadas pelo Senado em sessão que atravessou a madrugada.

Contraponto

Festa do pijama

Na longa jornada noite adentro iniciada quarta-feira no Senado, houve quem não agüentasse esperar pelo projeto mais importante, o que institui o Fundo Soberano, votado por volta das 6h de ontem. Horas antes disso, enquanto eram apreciadas matérias como a Lei Geral da Pesca, muitos senadores foram para casa dar um cochilo.
Quando finalmente chegou a vez do Fundo, a turma começou a retornar ao plenário. Ao ver os bocejos e olheiras dos colegas, Tasso Jereissati (PSDB-CE) provocou:
-Vem aí o pessoal que estava estudando profundamente o projeto do Fundo Soberano...


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