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Governador não sabe se apoiará Lula
Fora do PT, Buaiz
diz estar melhor
HÉLIO SCHWARTSMAN
de Vitória
Depois de romper com o PT,
partido que o levou ao governo
do Espírito Santo, mas cujos
deputados se tornaram sua
principal força de oposição,
Vítor Buaiz adotou o PV e diz
que tudo melhorou, tanto
emocional como politicamente. Afirma que não concorre à
reeleição. Leia a seguir trechos
da entrevista.
Agência Folha - Como foi sair
do PT?
Vítor Buaiz - Melhorou
muito. No aspecto emocional,
no aspecto político mesmo, e
do ponto de vista da sociedade.
Foi uma mudança radical. Foram quase dois anos e meio de
conflito. E aquilo ajudou a
afundar o partido e o governo.
Agência Folha - E isso não
prejudicou seu apoio na Assembléia Legislativa? Afinal, a
bancada já lhe fazia oposição.
Buaiz - Na Assembléia foi
mais tranquilo, mesmo porque
os deputados anteriormente
não aceitavam que eles, que
eram de partidos conservadores, garantissem a aprovação
de projetos enquanto os próprios representantes do partido do governo votavam contra.
Agência Folha - Temos agora
uma corrida presidencial e o PV
tende a apoiar Ciro Gomes; o
senhor, porém, nunca rompeu
com Lula. Como o senhor fica
nessa situação?
Buaiz - Conversei com o Lula esta semana, e ele está vindo
a Vitória (no próximo dia 2).
Mas o PV ainda está discutindo
essa questão. A tendência do
PV, hoje, é mais uma aliança de
centro-esquerda.
Agência Folha - E o senhor
acredita que essa aliança de
centro-esquerda possa surgir?
Buaiz - Depende das circunstâncias. Lula representa
uma composição de esquerda e
Ciro é mais centro-esquerda,
mas como as coisas não estão
definidas, o PV ainda vai fazer
uma discussão nacional.
Agência Folha - E o senhor?
Como amigo do Lula?
Buaiz - Eu vou dar minha
opinião quando for a hora.
Agência Folha - Mas e o coração? Fica com o Lula ou com
quem o PV mandar?
Buaiz - Aqui não tem emoção, tem razão.
Agência Folha - Política só
com razão?
Buaiz - No caso desta eleição. Porque se o Lula entrar como candidato para atender aos
setores mais radicais do PT, eu
não entro nessa. Nessa emoção
eu não entro. Já a vivi demais e
de perto e sofri bastante. Minha
quota de sacrifício foi além da
capacidade de entendimento
da própria sociedade.
Agência Folha - E a reeleição?
O senhor é candidato?
Buaiz - Não, não. Não sou
candidato.
Agência Folha - Por quê?
Buaiz - Eu era favorável à tese da reeleição, só achava que
não deveria ter sido colocada
em pauta no Congresso Nacional antes de discutir as reformas e aprová-las. Hoje está tudo atrasado porque o processo
foi atropelado pela reeleição.
Agência Folha - E o seu futuro? O senhor é médico (gastrenterologista). Terminado o
mandato, o que vai fazer?
Buaiz - Eu volto para os
meus empregos.
Agência Folha - Quais são?
Buaiz - Professor universitário e Previdência Social.
Agência Folha - E a situação
do Estado? Dizem que o senhor
pegou um Estado falido. Ao
mesmo tempo, parte da população diz que o senhor fez muitas promessas eleitorais e não
cumpriu. O senhor prometeu
tanto, mesmo sabendo que
não haveria dinheiro?
Buaiz - Mais, 80% na folha.
Olha, o inconsciente popular
cria uma imagem de que político promete muito. Na verdade,
o que nós nos comprometemos
a fazer é tentar construir um
projeto novo para o Espírito
Santo, tendo como prioridade
a saúde, a educação e a segurança pública. Agora, uma coisa é você ter um programa de
governo e outra é quando você
chega à realidade do governo.
Aí você apanha. O que nós fizemos até hoje foi a reforma do
Estado. Colocamos a máquina
a serviço da população, tiramos privilégios, informatizando a máquina e treinando e
qualificando servidores.
Agência Folha - O programa
de demissões voluntárias está
funcionando?
Buaiz - Está. Entre demissões voluntárias e compulsórias foram 3.500 servidores.
Funcionários da ativa no Executivo devem ser em torno de
40 mil. Daí você tem os inativos
e os funcionários do Legislativo e do Judiciário. Para o Judiciário, mensalmente, eu transfiro R$ 12.159.579; para o Legislativo R$ 4,4 milhões; e para o
Tribunal de Contas, R$
1.861.000. A folha da PM, com
muito mais funcionários, é de
R$ 9 milhões.
Agência Folha - Falando em
PM, como anda a política de segurança pública?
Buaiz - Existem duas vertentes na segurança pública: a
carcerária e o aparato policial.
Nós trabalhamos no sentido de
melhorar a qualidade do profissional. Nenhum militar ganha hoje menos de R$ 800. Temos a implantação da polícia
interativa.
Agência Folha - Pelo que pude observar, existem duas polícias; a dos bairros ricos, onde
tudo funciona muito bem, e a
dos pobres. Como é isso?
Buaiz - Mas eles (os ricos)
pagam a um fundo da polícia
(civil e militar), segundo projeto aprovado pela Assembléia
Legislativa. Com esse dinheiro
que os ricos pagam, nós compramos equipamentos para
atender aos bairros mais pobres.
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