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Governo tem programas "pobres"
DA ENVIADA ESPECIAL A MUMBAI
A política social do governo
brasileiro tem sido criticada nos
últimos dois dias em seminários
do Fórum Social Mundial, em
Mumbai, na Índia. A economista
Laura Tavares, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, chegou
a dizer que o governo "tem programas pobres para pobres".
A maioria das críticas da economista foram feitas após as discussões oficiais do fórum. O principal
alvo do desagrado de Laura Tavares, que é filha da também economista Maria da Conceição Tavares, é a criação de uma linha de
pobreza para definir que famílias
receberão uma complementação
de renda: "É uma idéia idiota".
Hoje, o governo paga, por meio
do Bolsa-Família, de R$ 50 a R$ 95
mensais a quem tem renda familiar per capita inferior a R$ 50. Paga de R$ 15 a R$ 45 para quem tem
renda familiar per capita de até R$
100. Quem está fora dessas duas
faixas de renda não recebe nada.
Ela defende programas universais de atendimento aplicados territorialmente. No caso do combate à pobreza, as ações incluiriam
todos os moradores da periferia.
No Nordeste, as ações seriam feitas nas cidades pobres: "Tem cabimento ficar cadastrando pobre
na periferia de Guaribas? Quem
não é pobre na cidade?".
"Não temos dinheiro suficiente
para política social porque é preciso fazer superávit fiscal", disse
ela. "Com a política econômica do
ministro Antonio Palocci (Fazenda), é impossível fazer uma política social para o país. Pode fazer
450 Bolsas-Família, que só vai
quebrar o galho."
Ela criticou as condições impostas pelo Bolsa-Família para que as
famílias recebam o dinheiro: "A
classe média quer os serviços públicos com qualidade e na porta
da sua casa. Pobre tem que batalhar, tem que fazer mutirão, construir a própria casa". Para ela, se o
governo oferecesse serviços públicos de qualidade, não precisaria obrigar ninguém a ir ao posto
de saúde ou à escola.
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