São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS CORREIOS

Comissão conclui "esqueleto" de relatório que prevê investigações "mais consistentes'; tucano é apontado como "antecedente" do "valerioduto"

CPI diz que pretende detalhar "mensalão"

CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A CPI dos Correios concluiu um "esqueleto" de seu relatório final que prevê a elaboração de um documento "mais consistente" sobre o "mensalão" e cita o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) como o "antecedente" do esquema de arrecadação ilegal atribuído ao publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.
O termo "mensalão" aparece em um dos tópicos do "esqueleto", que será utilizado para acelerar e focar as investigações, já que a CPI dos Correios pretende apresentar seu texto final entre 15 e 20 de março e está sob críticas por falta de objetividade.
"Estabelecer um relatório mais consistente entre os pagamentos efetuados por Marcos Valério aos partidos e parlamentares demonstrando, com maior exatidão, as fontes de recursos, beneficiários e correlação com eventuais votações parlamentares", diz uma das metas estabelecidas pelos membros da comissão.
A intenção de detalhar o esquema do "mensalão" se choca com recentes declarações do relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), segundo as quais as investigações não deveriam se ater ao tema.
Ontem, após reunião entre seus integrantes, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), confirmou a intenção de detalhar o pagamento a parlamentares, mas foi reticente quanto à relação com as votações no Congresso. "Vamos relacionar os acontecimentos congressuais e estudar, com cautela, se há relação com os saques", disse. Em seguida, ressaltou que o "mensalão" tem "vários conceitos".
Segundo Serraglio, o caso de Azeredo será incluído no relatório final da CPI como um "antecedente dos empréstimos do esquema do "valerioduto'".
O senador tucano nega que soubesse que sua campanha ao governo de Minas em 1998 havia recebido dinheiro do esquema, conforme apura a CPI. Procurada pela Folha, sua assessoria de imprensa repetiu que "os empréstimos [de Valério] foram feitos sem o aval" de Azeredo e do PSDB.

Duda Mendonça
A CPI dos Correios ainda corre para analisar a movimentação financeira do publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
A comissão pretende concluir até o prazo da apresentação do relatório análise dos contratos de publicidade de Duda com o governo, em seus "aspectos licitatórios (contratação) e documentação de suporte (execução)".
Sem acesso às informações das contas de Duda no exterior enviadas por autoridades americanas, a CPI não deve concluir satisfatoriamente esse item.
Serraglio afirma que os dados investigados pela CPI serão enviados ao Ministério Público para que este conclua a apuração.
O relatório final deve ter mais de 500 páginas, segundo Delcídio. Apesar de o prazo regimental para a conclusão da CPI acabar só em meados de abril, Delcídio afirmou que será necessário apresentar o relatório ainda em março para que os parlamentares tenham tempo de analisá-lo e votá-lo.
"O objetivo é apresentar um único relatório, sem relatório paralelo, que só serve como indutor de confusão para que não aconteça absolutamente nada", disse o senador, referindo-se à ameaça feita no final do ano passado pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT), de apresentar um texto alternativo ao do relator.


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