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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CPI DOS CORREIOS
Comissão conclui "esqueleto" de relatório que prevê investigações "mais consistentes'; tucano é apontado como "antecedente" do "valerioduto"
CPI diz que pretende detalhar "mensalão"
CONRADO CORSALETTE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A CPI dos Correios concluiu um
"esqueleto" de seu relatório final
que prevê a elaboração de um documento "mais consistente" sobre o "mensalão" e cita o senador
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
como o "antecedente" do esquema de arrecadação ilegal atribuído ao publicitário Marcos Valério
Fernandes de Souza.
O termo "mensalão" aparece
em um dos tópicos do "esqueleto", que será utilizado para acelerar e focar as investigações, já que
a CPI dos Correios pretende apresentar seu texto final entre 15 e 20
de março e está sob críticas por
falta de objetividade.
"Estabelecer um relatório mais
consistente entre os pagamentos
efetuados por Marcos Valério aos
partidos e parlamentares demonstrando, com maior exatidão, as fontes de recursos, beneficiários e correlação com eventuais
votações parlamentares", diz uma
das metas estabelecidas pelos
membros da comissão.
A intenção de detalhar o esquema do "mensalão" se choca com
recentes declarações do relator da
CPI, deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), segundo as quais as
investigações não deveriam se
ater ao tema.
Ontem, após reunião entre seus
integrantes, o presidente da CPI,
senador Delcídio Amaral (PT-MS), confirmou a intenção de detalhar o pagamento a parlamentares, mas foi reticente quanto à relação com as votações no Congresso. "Vamos relacionar os
acontecimentos congressuais e
estudar, com cautela, se há relação com os saques", disse. Em seguida, ressaltou que o "mensalão"
tem "vários conceitos".
Segundo Serraglio, o caso de
Azeredo será incluído no relatório
final da CPI como um "antecedente dos empréstimos do esquema do "valerioduto'".
O senador tucano nega que soubesse que sua campanha ao governo de Minas em 1998 havia recebido dinheiro do esquema, conforme apura a CPI. Procurada pela Folha, sua assessoria de imprensa repetiu que "os empréstimos [de Valério] foram feitos sem
o aval" de Azeredo e do PSDB.
Duda Mendonça
A CPI dos Correios ainda corre
para analisar a movimentação financeira do publicitário Duda
Mendonça, responsável pela
campanha à Presidência de Luiz
Inácio Lula da Silva em 2002.
A comissão pretende concluir
até o prazo da apresentação do relatório análise dos contratos de
publicidade de Duda com o governo, em seus "aspectos licitatórios (contratação) e documentação de suporte (execução)".
Sem acesso às informações das
contas de Duda no exterior enviadas por autoridades americanas, a
CPI não deve concluir satisfatoriamente esse item.
Serraglio afirma que os dados
investigados pela CPI serão enviados ao Ministério Público para
que este conclua a apuração.
O relatório final deve ter mais de
500 páginas, segundo Delcídio.
Apesar de o prazo regimental para a conclusão da CPI acabar só
em meados de abril, Delcídio afirmou que será necessário apresentar o relatório ainda em março para que os parlamentares tenham
tempo de analisá-lo e votá-lo.
"O objetivo é apresentar um
único relatório, sem relatório paralelo, que só serve como indutor
de confusão para que não aconteça absolutamente nada", disse o
senador, referindo-se à ameaça
feita no final do ano passado pelo
deputado Carlos Abicalil (PT-MT), de apresentar um texto alternativo ao do relator.
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