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Relatores pedem cassação de mais 2
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um dos dias mais tensos
desde o início dos processos de
cassação de deputados acusados
de envolvimento no escândalo do
"mensalão", pareceres do Conselho de Ética da Câmara recomendaram ontem a perda de mandato
de Roberto Brant (PFL-MG) e
Professor Luizinho (PT-SP).
A apresentação do parecer sobre o caso de Luizinho foi tumultuada. O relator do processo, Pedro Canedo (PP-GO), fez ajustes
no texto de apenas seis páginas
horas antes de sua leitura.
Irritado, Luizinho acusou o relator de ter cedido a "pressões políticas" para mudar seu voto na
última hora. Na véspera, o petista
dava como certa a sua absolvição.
"Não tenho dúvida de que a pressão exercida sobre o relator foi
violenta, disse Luizinho.
Integrantes do conselho confirmaram a versão de que Canedo,
pressionado por PP e PT, tentou
até ontem buscar uma saída para
recomendar pena mais branda ao
petista -ele queria a suspensão.
Pesou contra Canedo a ameaça
feita por membros do conselho de
que seu parecer seria derrubado.
Canedo admitiu ter sofrido
pressão "de todos os lados" e disse que optou pela cassação porque Luizinho mentiu. "Ele faltou
com o decoro, mentiu, se contradisse e apresentou uma história
inverossímil", afirmou.
Luizinho é acusado de ser beneficiário de R$ 20 mil do "valerioduto". O dinheiro foi sacado por
um assessor. Ele diz que não sabia
da operação e que os recursos
abasteceram campanhas de vereadores do PT no ABC paulista.
A deputada Ângela Guadagnin
(PT-SP) pediu vista do relatório, o
que retarda a votação em duas
sessões -ocorrerá provavelmente na próxima terça ou quarta.
O final da sessão foi marcado
por um bate-boca entre Chico
Alencar (PSOL-RJ) e o petista
Marco Maia (RS), que não integra
o conselho. Alencar reclamou ter
sido provocado pelo petista, que
segundo ele, perguntou se ele "estava satisfeito" com a decisão.
O primeiro processo do dia, elaborado por Nelson Trad (PMDB-MT), sugeriu a cassação de Roberto Brant (PFL-MG) por uso de
caixa dois. O parecer desvincula o
caso de Brant do esquema do
"mensalão" e faz elogios ao "caráter de cidadão probo demonstrado ao longo de sua carreira".
Apontado como destinatário de
R$ 102 mil do "valerioduto",
Brant disse ter certeza de que será
absolvido, mas afirmou que mesmo que isso ocorra não tentará a
reeleição. "Não volto nem morto,
nem de graça e nem amarrado."
O parecer contra Brant será votado na próxima terça porque os
membros do PFL pediram vista
do texto. Hoje, o conselho votará
o parecer que sugere a cassação de
Wanderval Santos (PL-SP).
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