São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

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Relatores pedem cassação de mais 2

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em um dos dias mais tensos desde o início dos processos de cassação de deputados acusados de envolvimento no escândalo do "mensalão", pareceres do Conselho de Ética da Câmara recomendaram ontem a perda de mandato de Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP).
A apresentação do parecer sobre o caso de Luizinho foi tumultuada. O relator do processo, Pedro Canedo (PP-GO), fez ajustes no texto de apenas seis páginas horas antes de sua leitura.
Irritado, Luizinho acusou o relator de ter cedido a "pressões políticas" para mudar seu voto na última hora. Na véspera, o petista dava como certa a sua absolvição. "Não tenho dúvida de que a pressão exercida sobre o relator foi violenta, disse Luizinho.
Integrantes do conselho confirmaram a versão de que Canedo, pressionado por PP e PT, tentou até ontem buscar uma saída para recomendar pena mais branda ao petista -ele queria a suspensão. Pesou contra Canedo a ameaça feita por membros do conselho de que seu parecer seria derrubado.
Canedo admitiu ter sofrido pressão "de todos os lados" e disse que optou pela cassação porque Luizinho mentiu. "Ele faltou com o decoro, mentiu, se contradisse e apresentou uma história inverossímil", afirmou.
Luizinho é acusado de ser beneficiário de R$ 20 mil do "valerioduto". O dinheiro foi sacado por um assessor. Ele diz que não sabia da operação e que os recursos abasteceram campanhas de vereadores do PT no ABC paulista.
A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) pediu vista do relatório, o que retarda a votação em duas sessões -ocorrerá provavelmente na próxima terça ou quarta.
O final da sessão foi marcado por um bate-boca entre Chico Alencar (PSOL-RJ) e o petista Marco Maia (RS), que não integra o conselho. Alencar reclamou ter sido provocado pelo petista, que segundo ele, perguntou se ele "estava satisfeito" com a decisão.
O primeiro processo do dia, elaborado por Nelson Trad (PMDB-MT), sugeriu a cassação de Roberto Brant (PFL-MG) por uso de caixa dois. O parecer desvincula o caso de Brant do esquema do "mensalão" e faz elogios ao "caráter de cidadão probo demonstrado ao longo de sua carreira".
Apontado como destinatário de R$ 102 mil do "valerioduto", Brant disse ter certeza de que será absolvido, mas afirmou que mesmo que isso ocorra não tentará a reeleição. "Não volto nem morto, nem de graça e nem amarrado."
O parecer contra Brant será votado na próxima terça porque os membros do PFL pediram vista do texto. Hoje, o conselho votará o parecer que sugere a cassação de Wanderval Santos (PL-SP).


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