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análise
Resultado de encontro no Rio é pobre
DA ENVIADA AO RIO
Foi um resultado pobre.
O Mercosul não andou, a
promessa de investir contra as assimetrias não foi
cumprida, e a principal vitória da 32ª Cúpula do
Mercosul foi a cúpula em
si -ou seja, o fato de 11 dos
12 chefes de Estado da
América do Sul terem
comparecido.
Ao terminar o primeiro
mandato, Lula disse que,
se mudança houvesse na
política externa, seria para
favorecer os parceiros menores do Mercosul, cada
vez mais mimados pela
Venezuela e pelos Estados
Unidos. Mas o Brasil, apesar do tamanho, da população e do PIB, não teve
força política para impor
concessões aos menores.
Faltou combinar com os
adversários: os argentinos.
O Brasil era favorável a
incluir já a Bolívia no bloco e antecipar o fim da dupla cobrança da TEC (a
Tarifa Externa Comum)
para Paraguai e Uruguai,
previsto para 2009. Tudo
ficou para depois, um dia,
quem sabe, e Lula e Amorim praticamente desistiram de grandes anúncios
para se concentrar em negociações bilaterais.
Acordos com a Venezuela na área de gás e petróleo, redução da dívida
do Paraguai com a Itaipu,
determinação para o embaixador em Montevidéu
arregaçar as mangas para
facilitar exportações do
país para o Brasil. Era uma
reunião do bloco, mas as
soluções foram dois a dois.
Mais uma vez, a estrela
foi Hugo Chávez, com discurso incisivo, que ora arranca gargalhadas, ora
provoca resistências, mas
nunca passa em branco.
Ao tomar posse para um
novo mandato, ele criou
frisson ao anunciar reestatização e nacionalização
de empresas, não-renovação de um canal de TV e
reeleições ilimitadas.
Mas, na Cúpula, isso foi
tratado como naturalíssimo. E quem ouviu tudo o
que se disse não teve dúvida: não é o Mercosul que
está ajustando o discurso
de Chávez. Ao contrário,
um a um, os presidentes
seguem cada vez mais seu
tom e suas idéias, inclusive
Kirchner. Ninguém assume, nem ele, que há uma
"contaminação" de suas
idéias nos países vizinhos.
OK. Então, ficamos assim:
Chávez faz escola.
(ELIANE CANTANHÊDE)
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