São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 2007

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análise

Resultado de encontro no Rio é pobre

DA ENVIADA AO RIO

Foi um resultado pobre. O Mercosul não andou, a promessa de investir contra as assimetrias não foi cumprida, e a principal vitória da 32ª Cúpula do Mercosul foi a cúpula em si -ou seja, o fato de 11 dos 12 chefes de Estado da América do Sul terem comparecido.
Ao terminar o primeiro mandato, Lula disse que, se mudança houvesse na política externa, seria para favorecer os parceiros menores do Mercosul, cada vez mais mimados pela Venezuela e pelos Estados Unidos. Mas o Brasil, apesar do tamanho, da população e do PIB, não teve força política para impor concessões aos menores. Faltou combinar com os adversários: os argentinos.
O Brasil era favorável a incluir já a Bolívia no bloco e antecipar o fim da dupla cobrança da TEC (a Tarifa Externa Comum) para Paraguai e Uruguai, previsto para 2009. Tudo ficou para depois, um dia, quem sabe, e Lula e Amorim praticamente desistiram de grandes anúncios para se concentrar em negociações bilaterais.
Acordos com a Venezuela na área de gás e petróleo, redução da dívida do Paraguai com a Itaipu, determinação para o embaixador em Montevidéu arregaçar as mangas para facilitar exportações do país para o Brasil. Era uma reunião do bloco, mas as soluções foram dois a dois.
Mais uma vez, a estrela foi Hugo Chávez, com discurso incisivo, que ora arranca gargalhadas, ora provoca resistências, mas nunca passa em branco. Ao tomar posse para um novo mandato, ele criou frisson ao anunciar reestatização e nacionalização de empresas, não-renovação de um canal de TV e reeleições ilimitadas.
Mas, na Cúpula, isso foi tratado como naturalíssimo. E quem ouviu tudo o que se disse não teve dúvida: não é o Mercosul que está ajustando o discurso de Chávez. Ao contrário, um a um, os presidentes seguem cada vez mais seu tom e suas idéias, inclusive Kirchner. Ninguém assume, nem ele, que há uma "contaminação" de suas idéias nos países vizinhos. OK. Então, ficamos assim: Chávez faz escola. (ELIANE CANTANHÊDE)

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