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Governo faz proposta, mas greve continua
Servidores de Alagoas, parados há quatro dias, não aceitaram acordo; prédio da Fazenda segue invadido
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
O governador de Alagoas,
Teotonio Vilela Filho (PSDB),
recuou e propôs ontem aos servidores estaduais em greve o
pagamento, em oito dias, do
reajuste salarial concedido em
abril de 2006 por seu antecessor, Luis Abílio (PDT), e suspenso por meio de decreto em
15 de janeiro. Os servidores, porém, não aceitaram o acordo.
Os grevistas avaliam que a
proposta não restaura plenamente reajustes concedidos
por Abílio. Além disso, afirmam, o decreto não seria revogado e poderia ser usado futuramente pelo governo em um
novo corte salarial. "Não mudou nada", disse o presidente
estadual da CUT, Izac Jackson.
Em entrevista coletiva, o governador confirmou a proposta
de pagamento parcial do reajuste aos docentes e a manutenção do decreto.
"Infelizmente, não conseguimos a totalidade [do aumento] para os
professores", afirmou Vilela Filho. Para isso, disse serem necessários mais R$ 12 milhões
por mês, dinheiro que afirma
não existir no governo.
Ele pediu um prazo de 30
dias aos grevistas para tentar
encontrar uma solução, mas os
servidores recusaram.
O governador diz que só terá
condições de cumprir o que foi
proposto neste mês porque fechou uma operação de antecipação de receita com o setor sucroalcooleiro, a Petrobras e a
indústria petroquímica Braskan. O valor não foi divulgado.
Ele responsabilizou o ex-governador Ronaldo Lessa (de 1999 a
março de 2006), do PDT, pela
crise econômica do Estado.
Disse que os aumentos concedidos pelo ex-governador
-na verdade, assinados por
Abílio, que era vice de Lessa e
assumiu o governo em abril do
ano passado- infringiram a Lei
de Responsabilidade Fiscal,
que limita em 46,5% da arrecadação o percentual de gastos
com os salários dos servidores.
Em nota conjunta, Lessa e
Abílio negaram ter cometido irregularidades e disseram que
deixaram recursos em caixa. O
governador afirma ter herdado
dívida de R$ 400 milhões e só
R$ 4 milhões nos cofres.
Grevistas
Os grevistas, que montaram
sua base na sede da Secretaria
Estadual da Fazenda, invadida
por eles anteontem, afirmaram
que responderão "à altura" a
uma eventual "radicalização"
do governo. "Temos planos de
invadir mais três prédios", disse o presidente do Sindicato
dos Policiais Civis de Alagoas,
Carlos Jorge da Rocha. A greve,
que completa hoje quatro dias,
atinge principalmente a saúde,
a educação e a Polícia Civil.
No prédio invadido, policiais
civis em greve controlam entrada e saída de pessoas. Apenas grevistas e jornalistas têm
acesso ao local e só TV e banheiros são usados sem restrições. O fornecimento de água,
cortado logo após a invasão, foi
restabelecido horas depois.
Colaboraram SÍLVIA FREIRE e FELIPE BÄCHTOLD, da Agência Folha
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