|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF detém coronel ativo na Operação Condor
Por ordem do STF, uruguaio deve ser extraditado à Argentina, onde responderá por crime cometido durante ditadura do país vizinho
Transferência de militar, no entanto, foi suspensa por razões médicas; Manuel Cordero trabalhou em centro de detenção clandestino
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A Polícia Federal deteve ontem no Rio Grande do Sul o coronel reformado uruguaio Manuel Cordero, 71, para cumprir
ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) de extraditá-lo
para a Argentina, onde ele responderá a acusações de crimes
cometidos durante a ditadura
do país vizinho (1976-1983).
A transferência de Cordero
para a Argentina, entretanto,
foi suspensa por razões médicas. Após a detenção, ele foi
hospitalizado alegando problemas cardíacos em Santana do
Livramento (489 km de Porto
Alegre), onde vive desde 2004.
A operação montada pela PF
coincide com a elevação da
temperatura do debate sobre a
apuração de crimes praticados
durante a ditadura brasileira.
O STF acolheu o pedido de
extradição de Cordero em
agosto de 2009, mas o acórdão
só foi publicado em dezembro.
Cordero deverá responder
criminalmente pelo sequestro
de um bebê com 20 dias de vida,
filho de uma militante detida
ilegalmente durante a ditadura.
Ele também é suspeito de participação no desaparecimento
de 11 esquerdistas em 1976.
Ex-integrante do Ocoa (Organismo Coordenador de Operações Antissubversivas, equivalente uruguaio do DOI-Codi
brasileiro), Cordero trabalhou
na Automotores Orletti, um
centro de detenção clandestina
em Buenos Aires nos anos 70.
O local, conhecido pela prática de tortura e assassinato de
uruguaios exilados, é um símbolo da Operação Condor, parceria entre os órgãos de repressão das ditaduras do Cone Sul.
A estratégia da defesa é evitar
que ele deixe o Brasil. "Quando
pediram sua extradição em
2005, ele era beneficiado por
um indulto concedido em 1989
pelo [ex-presidente argentino
Carlos] Menem. Além disso, a
Lei da Anistia brasileira também o beneficia", disse o advogado Julio Martin Favero.
Organizações comemoraram
a detenção. "Com a extradição,
o Brasil diz que esses crimes
são abomináveis e devem ser
punidos", disse Jair Krischke,
do Movimento de Justiça e Direitos Humanos.
Texto Anterior: Acusado de operar esquema se cala ao depor à PF Próximo Texto: Críticas a plano são eleitoreiras, diz ex-secretário Índice
|