São Paulo, quarta, 20 de janeiro de 1999

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PAINEL

Plano de vôo
A intenção do governo é esperar que a livre flutuação do câmbio defina a cotação do real frente ao dólar em cerca de dez dias para tentar abaixar a taxa de juros que acabou de aumentar.

Os patriotas
Nas conversas com os líderes partidários, FHC tenta vender a idéia de que tem alternativas para a crise. Os partidos desconfiam, mas dizem não ter outra saída a não ser votar o que o presidente pede. Para que ele não culpe o Congresso, como costuma fazer, se a situação piorar.

Bode expiatório
Votando as medidas que FHC julga vitais para combater a crise, o Congresso ergue uma rede de proteção em volta: se der certo, divide os louros da vitória com o presidente. Se der errado, vai cobrar e não ser cobrado.

Apelo dramático
O argumento dos líderes para dobrar resistências ao projeto dos inativos é que não se trata de um voto de apoio ao governo, mas de salvar o país. Duro tem sido tentar convencer o sujeito que já votou quatro vezes contra.

Não tem Plano B
Registro feito ontem na Câmara: o governo não tem qualquer estratégia para uma eventual derrota no projeto dos inativos. É vencer ou vencer. "É um peso enorme nas costas", diz Henrique Alves, do PMDB, onde a dissidência parece a maior da base.

Regulador de apetite
A moratória fisiológica no Congresso tem prazo determinado: as demandas voltam tão logo os parlamentares aprovem o que o presidente está pedindo.

Retaliação federal
FHC não deve ir a MG inaugurar a fábrica da Mercedes Benz em Juiz de Fora no fim do mês. A menos que até lá ocorra uma improvável melhora nas relações com Itamar. Oficialmente, a viagem nunca esteve na agenda.

No consenso
Não deve ir a voto a disputa entre os paulistas João Paulo e José Genoino pela liderança do PT na Câmara. Um dos dois moderados desistirá em favor do outro. Com isso, a esquerda também não teria candidato ao posto.

A conferir
Se tudo correr bem hoje na Câmara, ACM pretende votar o projeto dos inativos já na próxima terça. E, se os deputados aprovarem também a regulamentação da reforma administrativa, chama os senadores para trabalhar no fim-de-semana.

Começar de novo
Há tucanos dizendo que apenas um plano econômico novo, elaborado pelos "desenvolvimentistas" (Mendonção, Serra, Lara Resende e cia.), poderia dar uma guinada no governo FHC.

Começa mal
A ouvidoria da polícia de São Paulo está alarmada com a escalada da violência policial no início de 99. A média de pessoas mortas por PMs se aproxima de duas por dia, o que projeta um número superior a 700 no ano. Seria recorde no governo Covas.

Agora vai
Brasília pensa grande. Os mais novos candidatos à presidência da BR Distribuidora são dois pefelistas que naufragaram nas urnas em 98: Júlio Campos (apoiado por ACM e derrotado na eleição para o governo do Mato Grosso) e Luiz Carlos Santos (vice de Maluf em São Paulo).

Interesse direto
A reunião dos governadores de oposição anteontem em Minas foi acompanhada de perto por governadores "aliados" a FHC. José Maranhão (PB) mandou o secretário da Fazenda. Amin (SC) fez chegar ao grupo que gostaria de ter sido convidado.

Muamba chique
FHC ouviu o galo cantar segunda no Paraná, mas sabe exatamente onde foi: no relógio do presidente da Assembléia Legislativa, Aníbal Khury, comprado no Paraguai quando a cotação do dólar era outra. "Interessante esse galo", brincou o tucano.

Pedra no feijão
Fernando Lessa (Casa Civil de Covas) foi eleito superintendente do Sebrae-SP. Horácio Piva, presidente da Fiesp e do Conselho Deliberativo do Sebrae-SP, não gostou muito da escolha.

TIROTEIO

Do senador Pedro Piva (PSDB-SP), crítico antigo da CPMF, que concorda com o imposto como ponte para ajudar o governo federal a fazer o ajuste fiscal:
- Uma coisa horrorosa para a produção como a CPMF não pode ser vista como panacéia.

CONTRAPONTO

Pára-choque de caminhão
O prefeito de Araxá e ex-ministro do Tribunal de Contas da União, Olavo Drummond, esteve na capital paulista anteontem para participar de um almoço na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A desvalorização do real frente ao dólar e a moratória do governo mineiro, declarada por Itamar Franco (PMDB), dominaram as conversas no encontro.
Perguntavam a Drummond, que tem boa interlocução com FHC e com Itamar, como resolver o impasse entre o governo de Minas e o Planalto.
Sem a menor vontade de se indispor com Itamar e com o presidente, de quem depende para obter liberação de verbas, o mineiro Olavo Drummond receitou enfaticamente:
- Muita conversa, muita conversa e muita conversa.
E arriscou:
- A política é como uma alfaiataria. É importante quem corta o pano, mas é muito mais quem faz a costura.



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