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PRIVATIZAÇÃO
Desvalorização torna Banespa mais atrativo aos bancos estrangeiros
RICARDO GRINBAUM
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
A desvalorização do real deve
acirrar a disputa
pela compra do
Banespa, no leilão previsto para
maio.
Ficou mais barato para os estrangeiros fazer um
lance pelo sexto maior banco brasileiro, em volume de ativos.
"O número de interessados em
levar o banco deve crescer", acredita o presidente do Banespa, João
Alberto Magro.
O modelo de privatização ainda
não está definido e ninguém sabe
qual será a cotação do real no dia
do leilão. Mas a desvalorização dos
últimos dias já possibilitou aos
bancos montar exercícios para ter
uma idéia do potencial da queda
do preço em dólares.
O mercado financeiro estima que
se o banco fosse integralmente
vendido o valor corresponderia a
aproximadamente o dobro de seu
patrimônio.
Um dia antes da desvalorização,
essa conta batia em US$ 6,8 bilhões. Com o dólar cotado em R$
1,53 (última cotação de segunda-feira), o valor cai para US$ 5,3 bilhões. Em uma semana, o preço do
Banespa caiu 21,3% em dólares.
"Os bancos brasileiros devem
enfrentar agora maior concorrência dos estrangeiros", diz Rodrigo
Bresser Pereira, administrador de
fundos do banco Matrix.
Os bancos estrangeiros ganharam outra facilidade nos últimos
tempos. Enquanto eles levantam
recursos na Europa e nos Estados
Unidos a um custo relativamente
baixo (6% ao ano), as instituições
financeiras brasileiras têm encontrado dificuldade para levantar capital no exterior.
"Ficou muito mais difícil para os
bancos brasileiros levantar capital
no exterior com a crise no Brasil",
diz Roberto Dotta Filho, da administradora de recursos Tudor.
Bancos brasileiros como o Itaú, o
Bradesco e o Unibanco têm grande
interesse no Banespa porque fortalecem sua posição em relação à
concorrência internacional.
Segundo o diretor de um grande
banco brasileiro, o interesse dos
estrangeiros pelo Banespa aumentou, mas a médio prazo os possíveis lucros remetidos para o exterior devem cair devido à desvalorização do real, o que, em parte, poderia compensar a redução no preço.
"O Banespa é uma excelente plataforma para expansão dos negócios no Brasil", diz Magali Bim,
analista do banco BBA. "Como o
Banespa adotou nos últimos tempos uma política conservadora,
tem muito espaço para aumentar
seu volume de empréstimos."
Nas contas da analista do BBA, o
Banespa poderia aumentar seu volume de empréstimos 230% até bater no limite do Acordo de Basiléia,
que dita as regras de segurança que
devem ser observadas pelo sistema
financeiro.
Outro grande atrativo do banco é
a possibilidade de trabalhar com a
conta dos servidores estaduais.
Nas privatizações anteriores, os
compradores de bancos estaduais
ganharam entre três e cinco anos
de garantia de que teriam as contas
dos servidores públicos.
O Banespa tem ainda a vantagem
de estar espalhado pelo interior do
Estado mais rico do país. Isso pode
servir de ponte não só para a abertura de contas e oferta de crédito,
mas distribuição de outros produtos, como seguros.
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